Economia
Sem PPI, Petrobras busca lucro com maior produção e assume duplamente aumento da poluição
Aumento da produção da gasolina (e do diesel) com preços mais baratos ataca a competitividade do etanol diretamente
Não haveria meios de a Petrobras tentar obter lucro com a nova política de preços para os combustíveis se não aumentasse a sua escala de produção e venda. É o que está sendo feito.
À política do governo Lula, defendida desde as eleições, de acabar com o repasse automático internacional aos preços e desinflar a inflação, incorpora o fundamento de mercado, de domínio da oferta, que já era muito maior do que o das refinarias particulares e dos importadores.
Mas assume o duplo risco (indo contra a o outro discurso) de incentivar a poluição, tanto pelo aumento do uso da matriz de energia fóssil, que fica mais barata, como, por consequência, de desincentivo à produção de etanol hidratado que perde competitividade frente à gasolina.
Em maio, a capacidade de refino total das refinarias da estatal passou dos 95% de utilização, meta não alcançada desde 2015, segundo nota da companhia.
Foi no mês passado que a Petrobras parou de usar do Preço de Paridade internacional (PPI), de repasses automáticos dos preços do petróleo e dos combustíveis importados prontos, mitigando com uma cesta de indicadores domésticos.
O “abrasileiramento dos preços”, como chamava o presidente Lula, já ocasionou dois cortes dos combustíveis vendidos pela estatal e vem derrubando os valores nas bombas, como nas últimas duas semanas.
Ainda que o etanol anidro, o misturado à gasolina, seja favorecido, não tem o volume do hidratado.
E este tem caído, tanto por oferecer menor concorrência, quanto pela safra atual de cana indo bem – apesar do mix estar sendo mais direcionado ao açúcar. Na usina, perdeu 1,28% (R$ 2,51 na semana passada), devolvendo mais que o dobro do ganho do período anterior, e nas distribuidoras de Paulínia, vem de baixa diária acentuada desde o dia 20.
Mesmo a volta dos impostos federais aos combustíveis, que impactam mais a gasolina, não deverá tirar a sua competitividade mantida a política da Petrobras.
As seis refinarias privadas, mais os importadores, detêm 20% do mercado entre a gasolina e o diesel.
Mesmo considerando que algumas têm alcance mais regional, em localizações mais distantes dos pólos da estatal,, a seguir a tendência perderão mais share na medida em que a Petrobras aumenta seu cacife, inclusive com a intenção já manifestada de melhorar com investimentos sua capacidade de refino.
Essas empresas, como a Landulpho Alves, da Bahia, privatizada em 2021, reclamam, através da entidade Refina Brasil, que querem que a Petrobras venda para elas o petróleo pelo mesmo valor que é a estatal vende às suas próprias refinarias.
A Abicom, que abriga os importadores, também vê seus associados sem poder de ganhos com a Petrobras vendendo mais barato abaixo da paridade internacional.
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