Economia
Volatilidade global não deve alterar ritmo de corte da Selic
Mercado prevê continuidade do ritmo de cortes da taxa básica de juros em 0,5 p.p.
O impacto da escalada dos juros no cenário internacional sobre o ritmo de ‘afrouxamento’ monetário no país. Esse deve ser o principal ‘cardápio’ das duas reuniões dessa semana (31.10 e 1º.11) do Comitê de Política Monetária (Copom), que culminará com a decisão do colegiado sobre a taxa básica de juros (Selic), hoje em 12,50% ao ano.
Até o agravamento dos conflitos geopolíticos globais, há poucas semanas, a expectativa do mercado, ecoada pelo Banco Central (BC), é de que o ritmo de corte da Selic, ao longo dos próximos meses, estaria ‘precificado’ em meio ponto percentual (0,5 p.p.).
Em comunicado a clientes, a gestora de patrimônio Azimut prevê que o comitê deverá debater, tanto a questão do ‘tamanho’ do ajuste total, assim como o ‘ritmo’ a ser adotado, ante à perspectiva, conforme relato das autoridades monetárias globais, de que os juros terão de ser mantidos elevados por mais tempo, a exemplo da deterioração fiscal dos Estados Unidos, maior economia do mundo.
A Azimut, todavia, não considera a turbulência externa (guerras, alta de juros, resiliência da inflação e petróleo em elevação) uma condicionante para alteração do ritmo de corte dos juros pelo BC tupiniquim.
“Não nos surpreenderia se aparecesse, principalmente na ata, a ser divulgada no dia 7 de novembro, a discussão sobre a extensão do ciclo de cortes, ou mesmo sobre eventuais ajustes no ritmo de cortes. Mas alertamos que não entenderíamos isso como sinal da iminência de mudanças na estratégia de política monetária”, comentou a gestora, ao lembrar que o Copom tem conduzido com ‘cautela’ o processo de desinflação.
Ao defender a volta da inflação à meta de forma ‘sustentável’, a Azimut entende que as atuais condições econômicas e da inflação do país ‘favoreceriam’ a continuidade do ciclo de corte dos juros, mediante nova queda de 0,5 p.p., o que reduziria a Selic para 12% ao ano.
A manutenção do ritmo de corte atual da Selic também integra a previsão do Itaú, segundo o economista-chefe do banco, Mario Mesquita, no sentido de que as reduções deverão ser mantidas na proporção atual, para os próximos encontros do Copom. Caso prevaleça a visão em favor de um corte mais moderado, o economista considera um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.).
“Apesar do ambiente externo ter se tornado mais complexo, com aumento das taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos e conflito no Oriente Médio, a desvalorização do real frente ao dólar foi moderada e, internamente, as divulgações de inflação mostraram uma evolução mais benigna, com queda nas principais medidas centrais”, finalizou Mesquita.
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