Economia
Mercado acionário agitado não deve causar resposta rápida do Fed
Mais provável é que o Comitê Federal de Mercado Aberto reoriente as compras de Treasuries para vencimentos mais longos, dizem especialistas.
Agentes de mercado, estrategistas e um consultor do Tesouro dos EUA disseram nesta sexta-feira que a queda do mercado acionário dos Estados Unidos tem aumentado esperanças de que o banco central dos Estados Unidos (Fed) reforce aquisições de ativos para impulsionar a economia, mas o “sell-off” não foi grande o bastante para justificar um movimento.
Alguns dos estrategistas apontam que o mais provável é que o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) reoriente suas compras de Treasuries para vencimentos mais longos visando manter baixos os yields nesses vértices. O comitê se reunirá na próxima semana para definir a política monetária dos EUA.
O Fed tem poder de aumentar a quantidade de ativos que detém em épocas de estresse para estimular a economia ou vendê-los quando a economia corre o risco de superaquecimento. Desde o surto do coronavírus, o banco central dos EUA aumentou seu balanço de 4 trilhões de dólares para 7 trilhões de dólares.
Impulsionada por papéis de tecnologia, uma recuperação nas ações valorizou o índice S&P 500 em 15% entre o início de julho e sua máxima de fechamento em 2 de setembro. No mesmo período, o índice Nasdaq Composite avançou 21%.
Contudo, na terça-feira, uma onda de “sell-off” de ações do setor de tecnologia empurrou o Nasdaq para território de correção, o que ocorre quando se tem um recuo de 10% ou mais em relação à máxima recente. Desde então, o mercado se estabilizou parcialmente.
Seria preciso outra queda repentina e expressiva nos mercados antes de o Fed pensar em considerar aumento de suas compras, disse Ajay Rajadhyaksha, chefe de pesquisa macro do Barclays Plc e integrante de um comitê que assessora o Tesouro dos EUA na gestão da dívida e na economia.
“O Fed não terá problemas com o patamar das ações neste momento. Eu acho que você precisaria que elas (as ações) caíssem outros 10%, pelo menos, rapidamente, antes que o Fed começasse a notar”, opinou.
A opinião é compartilhada por, Gennadiy Goldberg, estrategista de taxas dos EUA da TD Securities, que disse que os “sell-offs” das ações não seriam uma preocupação para o banco central norte-americano.
“Algum declínio após um grande rali realmente não fará com que eles atuem. Eles estão procurando por sinais de instabilidade”, acrescentou.
Do outro lado, uma parte dos investidores tinha expectativas de que o Fed aumentasse as compras no mercado para apoiar os preços dos ativos.
Troy Gayeski, um dos diretores de investimentos da SkyBridge, acredita que o fato de o balanço do Fed ter continuado estável por 12 semanas foi parte do motivo para a cautela dos investidores.
“A menos que tenhamos outra rodada de expansão do balanço e outra reaceleração do crescimento da oferta de dinheiro, os mercados ficarão muito mais bidirecionais e voláteis”, afirmou.
À medida que os mercados se recuperavam das baixas vistas março, quando a crise coronavírus provocou queda acentuada nas bolsas de valores e aperto de liquidez nos mercados de dívida, o Fed reduziu o ritmo das compras de Treasuries e de dívidas lastreadas em hipotecas.
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