Mercados e Cotações
Banco central dos EUA eleva taxa de juros: saiba como isso te afeta
Decisão, influenciada por inflação local e cenário econômico mundial, deve ter reflexos na Bolsa brasileira e na cotação do dólar
A tarde desta quarta-feira (2), feriado de Dia de Finados no Brasil, foi de muito trabalho nos EUA. É que o Federal Reserve, banco central estadunidense, reuniu os integrantes do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) para uma decisão a respeito da taxa básica de juros americana.
O saldo do encontro não contrariou a expectativa dos analistas do mercado, que previam mais uma alta, a quinta só em 2022 e a sexta acumulada. Ficou definida, então, uma elevação em 0,75 ponto percentual, para a faixa de 3,75% a 4%, que correspondeu ao quarto aumento consecutivo de mesmo grau. Trata-se do maior nível desde a crise de 2008.
Em seu comunicado, o FOMC lembrou que a guerra entre Rússia e Ucrânia tem influenciado a atividade econômica global. Entre as consequências diretas, estão os preços mais altos de alimentos e energia nos EUA. O texto ainda aponta um crescimento modesto nos gastos e na produção, com baixo desemprego.
O cenário forma a tempestade perfeita para uma pressão inflacionária, cuja taxa anual nos EUA chegou a 8,2% em setembro deste ano. O Comitê reafirmou a prioridade em reduzir a inflação para a meta de 2% e se comprometeu a avaliar a postura adequada da política monetária, “[…] monitorando o implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas”.
Reação do mercado
Com o anúncio, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq, que operavam em queda antes da decisão, reagiram positivamente, com altas variando entre 0,5% e 0,97%. A euforia durou pouco e teve uma nova virada, desta vez negativa, a partir do início da entrevista coletiva do presidente do Fed, Jerome Powell.
A frustração se deu em razão da não sinalização relacionada à pausa sobre os sucessivos apertos monetários. O mercado aguardava indícios de que, em dezembro, quando algumas das resoluções mais importantes são definidas, houvesse uma interrupção. A fala de Powell, porém, abriu margem para novos aumentos. Apesar disso, há perspectiva de altas menos robustas, de meio ponto percentual.
E como isso afeta os investimentos feitos na Bolsa brasileira?
É o que você deve estar se perguntando. Sabidamente, as decisões do Fed têm repercussão mundial, sobretudo por conta do impacto diante do dólar, moeda de referência para a maior parte das negociações ao redor do globo.
Especialistas alertam que o recado dado pelo Fed, de que os juros podem permanecer altos por tempo indeterminado, deve gerar queda da Bolsa brasileira e dos EUA, em contraste com a valorização do dólar diante do real. Empresas de tecnologia e de e-commerce devem ser mais afetadas e, portanto, o investimento nelas tende a ser mais arriscado.
Já as empresas de infraestrutura, com serviços essenciais, que têm o hábito de serem boas pagadoras de dividendos, são mais recomendáveis. Os setores de energia, água e gás são alguns dos que tendem a uma maior estabilidade. O Ibovespa abriu, nesta quinta (3), com 114,6 mil pontos, queda de 1,9%. Enquanto isso, o dólar está cotado a R$ 5,16, variação positiva de 1%.
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