Investimentos
Eleição de Lula faz estrangeiros investirem bilhões no Brasil; entenda
Setores da construção, educação e varejo apresentaram maior procura. Retomada de protagonismo mundial justifica otimismo com o país
As eleições presidenciais no Brasil terminaram no último dia 30 de outubro com a eleição de Lula, que retorna para um terceiro mandato. A disputa acirrada terminou com uma diferença levemente superior a 2 milhões de votos a favor do petista sobre Bolsonaro e produziu incertezas. Com o fim do pleito, porém, a situação tende a se atenuar. Prova disso é que o mercado financeiro reagiu de forma quase imediata ao resultado, dando sinais positivos.
A B3, Bolsa de Valores brasileira, registrou na segunda-feira (31/10) após as eleições um aporte de R$ 1,9 bilhão por parte de investidores estrangeiros. As informações são do site Seu Crédito Digital. O valor só não é maior do que aquele registrado na segunda-feira (03/10) após a votação do primeiro turno. Na ocasião, a entrada de R$ 2,4 bilhões foi festejada pelos operadores e entendida como um sinal de que o mundo estava bem atento ao que acontecia no Brasil.
Com as duas cifras de início e fim de mês, outubro acabou sendo o melhor mês de 2022 até aqui para a B3. O saldo acumulado foi de R$ 14 bilhões, elevando para R$ 84,1 bilhões o volume de recursos investidos por estrangeiros no país somente neste ano.
Outro indicativo da boa recepção internacional ao resultado foi o pregão pós-proclamação de Lula como Presidente da República: 82 papéis dentre os 92 que compõem o Ibovespa tiveram aumento. O índice corresponde a quase 90% da carteira. Saíram-se melhor as empresas de construção, educação e varejo. Em contrapartida, estatais listadas na bolsa sofreram desvalorização, com destaque para Petrobras e Banco do Brasil.
O movimento é natural e anuncia as expectativas para um cenário de políticas sociais que privilegiem alguns segmentos. Espera-se, porém que as estatais sigam um caminho diferente em comparação aos anos Bolsonaro. A reorientação de objetivos acarretaria em desprestígio dos acionistas e maior tendência de tais empresas servirem como agentes de alavancagem, sob a ótica financeira e estratégica, dos planos e promessas do governo Lula.
Retomada de protagonismo mundial
Parte do otimismo com o futuro do Brasil, a despeito da perspectiva crítica para a economia de 2023 adiante, decorre de dois fatores:
- O governo Lula deve reposicionar o país em âmbito mundial no que diz respeito às discussões climáticas e de preservação do meio ambiente, que são cada vez mais importantes em termos de ESG;
- Também por isso, o Brasil deve deixar a condição de pária mundial, realinhando-se ao concerto global de nações para colocar em marcha planos extremamente significativos.
São exemplos destes planos o acordo de livre comércio entre União Europeia e bloco Mercosul, suspendido por conta de preocupações envolvendo o desmatamento na Amazônia; e o alinhamento a uma política diplomática de caráter multilateral, em substituição à composição exclusiva com países governados pela extrema-direita.
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