Economia
Desafios econômicos e geopolíticos não são ‘páreo’ para o petróleo
Potencial de investimentos bilionários do setor deverá ser mantido no novo governo
Nem perspectiva de recessão mundial, acirramento de conflitos geopolíticos ou transição para uma era sustentável. O que ainda manda, e muito, no planeta é o chamado ‘ouro negro’, a força energética que tem como ícone mundial o petróleo, que no Brasil poderá continuar a responder por investimentos de centenas de bilhões de dólares nos próximos anos.
Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Petróleo (Abespetro) – que representa fornecedores de equipamentos e prestadores de serviços para petroleiras – as perspectivas de investimentos do segmento de exploração e produção de óleo e gás no médio prazo estão calcadas numa combinação positiva de fatores, como a alta firme do preço da commodity no mercado internacional (hoje cotado a US$ 80 o barril); a insegurança de suprimento de energia, devido à guerra na Ucrânia; a retomada, no Brasil, dos leilões de áreas de exploração de petróleo pela ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural de Biocombustíveis), com investimentos projetados na casa dos US$ 156 bilhões, no período de 2022 a 2030.
Para o secretário-executivo da Abespetro, Telmo Ghiorzi, o aumento da rotatividade de profissionais nas empresas do setor é um sintoma positivo de que o ciclo de crescimento desse mercado já foi deflagrado. Na sua avaliação, nem mesmo o direcionamento dado pelo governo eleito – de priorizar investimentos as áreas de refino e de energias renováveis – é sinal de que a produção de petróleo será reduzida. Mais otimista, a previsão do Ministério de Minas e Energia é de que os investimentos no setor poderão ultrapassar a US$ 415 bilhões.
Mais cético, o professor do Instituto de Economia da UFRJ e pesquisador do Ineep (Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), ligado à FUP (federação dos petroleiros), Eduardo Costa Pinto, embora concorde com o consenso geral, de que ‘extrair petróleo’ dê muito dinheiro, enfatiza que “não há clareza de quanto tempo esse novo ciclo vai durar”.
Do ponto de vista estratégico de longo prazo, porém, a Abespetro manifesta preocupação com relação às mudanças introduzidas na Lei das Estatais (já aprovadas pela Câmara dos Deputados, mas ainda pendentes de confirmação pelo Senado), sobretudo no que se refere à nomeação de políticos para a direção de estatais, com redução drástica do prazo regulamentar de quarentena, de três anos para apenas 30 dias. Em nota, a associação entende que a proposta “fragiliza os critérios técnicos e pode contribuir para problemas de governança e de eficiência das estatais, como a Petrobras”.
Enquanto a pendenga jurídica não chega a termo, a Petrobras anuncia investimentos superiores a R$ 93 bilhões – com criação de 12 mil empregos – a partir do próximo ano, tendo em vista a construção de cinco novas plataformas de petróleo (chamadas de Unidade Flutuante de Produção, Armazenamento e Transferência (FPSOs) – na sigla em inglês) na Bacia de Campos, correspondente à região sul do Espírito Santo. O cálculo é de que cada plataforma é capaz de abrir 2,4 mil empregos, que podem chegar a 12 mil postos de trabalho, quando esta estiver em pleno funcionamento.
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