Ações, Units e ETF's
BTG (BPAC11) destaca cenário macro instável para Varejo & Consumo no 4TRI22
Análise setorial de banco de investimentos.
O BTG Pactual (BPAC11) divulgou relatório analisando o segmento de Varejo & Consumo para o quarto trimestre de 2022.
No documento, destaca que o cenário macro instável dá o tom de um trimestre desafiador. “Mas, se aprendemos alguma coisa com as recessões passadas, é que elas expõem as fraquezas existentes, aceleram as tendências emergentes e forçam as organizações a fazer mudanças estruturais mais rapidamente do que o planejado”, disse.
E acrescentou que isso ocorre principalmente no varejo, com grandes mudanças nas estratégias de canais de venda, estrutura de custos e investimentos. Entretanto, apesar de todos os esforços, as empresas continuam altamente correlacionadas com o cenário macro.
“Após um sólido segundo trimestre para a maioria dos varejistas brasileiros e números decentes no terceiro trimestre, as coisas pioraram no final de 2022 para a maioria das ações que cobrimos, pois a inflação (apesar da desaceleração recente em algumas categorias) corroeu o poder de compra e o endividamento das famílias continua a crescer”, ressaltou.
E disse mais: a receita líquida combinada deve crescer 52% vs. 4T19 e 14% a/a, com EBITDA crescendo 12% a/a (com esforços para otimizar custos e adotar abordagens de precificação mais racionais), enquanto custos de financiamento mais altos devem prejudicar os lucros consolidados do setor (-34% a/a).”
BTG (BPAC11) Varejo & Consumo
Ainda de acordo com o banco de investimentos, há players online ainda em situação difícil, apesar de algumas melhorias. No lado do e-commerce, as preocupações (e a volatilidade) permanecem semelhantes aos trimestres anteriores, e os resultados recentes sustentaram o viés negativo no segmento no curto prazo, apesar de uma melhoria bem-vinda na margem.
“Esperamos que o GMV online cresça 15% a/a no MGLU (GMV consolidado +14% a/a), acelerando em relação aos últimos trimestres (+R$1,6 bilhão de adição de GMV online). O GMV online da Via deve cair -4% a/a e o GMV da operação brasileira do Mercado Livre deve crescer 19% a/a (+R$ 3,6 bilhões de adição de GMV) – esperamos que o GMV online combinado do setor cresça 7% a/a (vs. crescimento de 3% a/a no 3T22)”, disse.
“Ainda vemos uma tendência secular de crescimento para o e-commerce brasileiro nos próximos anos e, ao contrário de mercados mais maduros, com GMV (e participação nas vendas do varejo) muito maior do que os níveis pré-pandemia. Mas para preservar o caixa em meio a um cenário incerto, empresas como Via e Westwing já reduziram os investimentos para melhorar a rentabilidade (com trade-off de crescimento), o que é uma tendência para o curto/médio prazo”, destacou.
Exposição
No relatório, elencou que varejistas de vestuário/calçados (Grupo Soma e Arezzo) expostos a famílias de alta renda devem se destacar novamente no 4T22, apesar da desaceleração da receita (ARZZ e SOMA devem crescer 20% e 10% a/a).
“No Grupo Soma, esperamos que as vendas da Hering (sozinha) cresçam 6% a/a, enquanto a receita líquida do Grupo SBF deve crescer 15% após os efeitos negativos não recorrentes do terceiro trimestre. A receita líquida da Renner deve crescer 27% em relação ao 4T19 e 3% a/a, uma grande desaceleração em relação aos trimestres anteriores, com margem EBITDA de varejo caindo 670bps em relação ao 4T19”, ressaltou.
E disse mais: “sua divisão de financiamento ao consumidor deve apresentar números um pouco piores (-R$ 4 milhões ex-venda da carteira de crédito) vs. 3T22. Ainda, vemos as vendas brutas da Petz crescerem 30% a/a (+23% ex-Zee.Dog), com margem EBITDA caindo 210bps a/a (-90bps ex-Zee.Dog) devido à expansão agressiva de lojas, alta penetração do e-commerce e inflação alta. Por sua vez, a Lojas Quero Quero deve apresentar um desempenho fraco (receita bruta de 6% a/a), com margens impactadas por um nível de inadimplência mais alto em sua divisão de financiamento ao consumidor (margem EBITDA -130bps a/a), enquanto esperamos que o Burger King continue se recuperando de trimestres anteriores (receita crescendo 24% vs. 4T19 e 9% a/a).”
Varejistas de alimentos e produtos farmacêuticos
Após um desempenho sólido dos varejistas de alimentos durante a maior parte de 2022, o crescimento provavelmente desacelerará devido à menor inflação de alimentos nos últimos meses, mas ainda esperamos um trimestre sólido: o SSS deve crescer 10% a/a no Assaí, 11% a/a no Carrefour (SSS +11% no Atacadão) e 12% a/a no Grupo Mateus. A Raia Drogasil deve crescer sua receita em 23% a/a (SSS consolidado +14% a/a), com margem EBITDA estável a/a (ganhos de preço parcialmente compensados pela inflação no período). “Também esperamos que a Panvel reporte números sólidos (SSS +16% a/a)”, frisou.
“Os números trimestrais reforçaram nossas principais teses; preocupações macro ainda implicam em um cenário de aversão ao risco. Esperamos que o curto prazo continue impactado pelas perspectivas macro (ainda é uma tese macro para os varejistas), com os investidores também olhando para o fluxo de notícias político/macro de curto prazo”.
O debate de 2023 deve se concentrar principalmente em quatro variáveis:
- custos de financiamento mais altos pressionando resultados e investimentos (mais pressão sobre a estrutura de capital);
- inflação alta (variável chave que pressiona a renda disponível das famílias);
- varejistas mais expostos a famílias de alta renda ainda reportam números sólidos, apesar da desaceleração esperada; e
- o impacto de transferências extras de renda na economia, potencialmente ajudando empresas mais expostas a regiões de baixa renda (o impacto até agora foi marginal devido à pressão sobre a renda disponível).
- “Seguimos conservadores na exposição ao varejo, com um mix preferencial de empresas expostas à reabertura da economia, mas com algum poder de precificação, proteção contra a inflação e bom momentum operacional, como Raia Drogasil, Assaí, Arezzo e MELI (opção de beta maior, mas um grande outperformer vs. pares)”, destacou.
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