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Lula, mais uma vez, ‘bate forte’ contra a autonomia do BC
Presidente quer rediscutir questão, logo após o fim do mandato de Campos Neto
Em nova investida, o presidente Lula reacendeu a polêmica em torno do fim da autonomia do Banco Central (BC), pregado pelo mandatário que, desta vez, definiu prazo para isso ocorrer. Na sua avaliação, o atrelamento automático da autoridade monetária aos ditames do Planalto tem data certa: o fim do mandato (constitucional) do atual presidente Roberto Campos Neto, que tem reiterado críticas em relação à ausência de um critério (arcabouço) fiscal que sirva de referência ao mercado sobre o desempenho do Executivo com relação às contas públicas.
Ao criticar outro modelo de responsabilidade fiscal do governo federal, a meta de inflação, o dirigente máximo e comandante-em-chefe das Forças Armadas adiantou que pretende ‘debater’ abertamente a questão da autonomia do BC, quando se encerrar o mandato de Campos Neto, o que deve ocorrer somente, no fim do próximo ano.
“Então, ele Campos Neto quer chegar à inflação padrão europeu? Não. Nós temos que chegar à inflação padrão Brasil. Uma inflação de 4,5% no Brasil, de 4%, é de bom tamanho se a economia crescer. Agora, você faz uma meta que é ilusória, você não a cumpre, e por conta disso, você fica prejudicando o crescimento do País”, criticou.
Fazendo referência à ‘boa relação’ que mantinha com o então presidente do BC, Henrique Meirelles, a quem concedeu ‘autonomia para a gestão da política monetária. Lula comentou: “O que acontece é que a gente conversava. Esse país está dando certo? Esse país está crescendo? O povo está melhorando de vida? Não. Então, eu quero saber de que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão Campos Neto terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o Banco Central independente”.
Voltando as cargas, agora na direção do Congresso, o presidente comentou: “eu acho que eles, os presidentes da Câmara e do Senado, imaginavam que, fazendo o Banco Central autônomo, a economia voltaria a crescer, os juros abaixariam e tudo ia ser maravilhoso”, disparou.
Principal pilar utilizado pelo BC para manter, sob o mínimo controle, os índices inflacionários do país, a Selic (taxa básica de juros), atualmente no elevadíssimo patamar de 13,75% ao ano, igualmente não foi poupada pelo presidente. “O Brasil precisa voltar a crescer. Não existe nenhuma razão para a taxa de juros estar em 13,75%”, afirmou, emendando: “O que está na pauta é a questão da taxa de juros”.
Agindo como ‘bombeiro de primeira hora’ da controvérsia monetária, o líder governista no Senado, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), nesta sexta-feira, procurou tranquilizar os mercados em relação à sanha presidencial contra a atual gestão do BC.
“Em relação ao Banco Central, não está na agenda do governo. O presidente da República não demandou e ninguém demandou para nós nenhum projeto, nenhuma matéria que visse a revisão da autonomia do Banco Central. Isso não é algo que está em debate”, disse Randolfe em entrevista à GloboNews.
Recorrendo à linguagem do mercado financeiro, Rodrigues interpretou a fala presidencial: “Há um debate, há uma preocupação do presidente da República e de todos nós com a taxa de juros. Mas eu creio que a própria taxa de juros – que sacrifica sobretudo o crédito, que sacrifica sobretudo os setores produtivos– ela começará a ser ajustada sobretudo a partir da apresentação do novo arcabouço fiscal”.
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