Saúde
Atenção ao consumo de cação e atum, pois esses peixes podem conter metais pesados
Crianças, lactantes e gestantes devem evitar comer cação e atum, já aqueles que não se encaixam nos grupos devem consumi-los com moderação.
Típicos em pratos brasileiros, o atum e o cação, como é chamada a carne de tubarões e arraias, podem conter altos níveis de metais pesados. Isso acontece porque ambos são considerados o topo da cadeia alimentar, dessa forma, consomem peixes menores, que já comeram peixes menores, e assim sucessivamente.
Amanda Gomes, doutoranda em oceanografia, conta que:
“Tem toda essa questão da cadeia ecológica, em que um vai se alimentando do outro, só que como o tubarão está no topo, ele vai acumulando todos esses poluentes, esses metais pesados, que já passaram por toda a cadeia.”
Amanda também explica que esses animais são chamados de bioacumuladores, pois acumulam em si todas as impurezas dos animais que consumiram.
É importante incluir que o ambiente nos quais eles vivem influenciam, visto que a cada dia mares e rios vêm se tornando cada vez mais poluídos.
O motivo de preocupação se dá pelo fato que seres humanos também são bioacumuladores, dessa forma, acumulamos os metais pesados dos animais que consumimos.
“Se uma pessoa vai se alimentar de muitos animais marinhos ou, principalmente, de cação, vamos acumulando isso no nosso corpo também“, comenta Amanda.
A carne de cação pode vir a ser a mais prejudicial, pois tubarões se alimentam de um maior número de presas, assim como também caçam peixes maiores.
Segundo a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), existe um limite de metais pesados imposto a esses alimentos, isso segundo consta na nº 42, de 29 de agosto de 2013.
Dessa forma, podem ser encontrados os seguintes metais pesados e suas quantidades limite: arsênio, 1 mg/kg; cádmio, 0,05 mg/kg; chumbo, 0,30 mg/kg; mercúrio, em peixes predadores 1 mg/kg ou em peixes menores 0,5 mg/kg.
Porém em um estudo da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em 2022, foram encontrados altos níveis de arsênio em arraias no litoral fluminense. A média encontrada chegava a 15 mg/kg. Em 2014, segundo pesquisadores, tubarões azuis continham cerca de 0,44 a 2,37 mg/kg de mercúrio.
Dessa forma, o consumo de carnes com altos níveis de metais pesados pode trazer malefícios a saúde. A infectologista Mirian Dal Ben revela:
“Especificamente o acúmulo do mercúrio no nosso corpo pode causar danos, por exemplo, neurológicos: problema de raciocínio, de memória, tremores, dor de cabeça e pode fazer o rim parar.”
Por esse motivo, é aconselhado pela Organização Mundial da Saúde que crianças de até 12 anos, gestantes e lactantes não consumam atum e, em especial, cação. Quem não se enquadra nesses grupos ainda assim deve consumi-los com moderação.
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