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Commodities

Fiador do acordo de grãos do Mar Negro, Erdogan arrisca cenário atual e mercados ficam em alerta

A potencial paralização das exportações de grãos ucranianas, a partir de 18 de julho, é cenário não descartado diante das pressões sobre Vladimir Putin

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Imagem mostra menino carregando bandeira da Ucrânia.

A temporada de exportações 23/24 da Ucrânia está recém-aberta e podem ficar reféns, junto com o mercado global, da situação criada pelo presidente da Turquia, que corre risco de aprofundar uma crise sobre a renovação do acordo de escoamento de grãos pelo Mar Negro.

A vigência do atual vai até dia 18 de julho, terça-feira da outra semana.

Recep Erdogan, que costurou a primeira assinatura com a Rússia, em junho de 2022, e desde então vem articulando todas as renovações, arriscou a deixar Vladimir Putin descontente. Se este decidir endurecer com o acordo, o potencial para altas de trigo e milho é exponencial.

Foram libertados prisioneiros ucranianos, que os russos os deixaram sob a guarda turca com compromisso de libertá-los somente ao final da guerra. É parte de uma tropa de elite, do Batalhão Azov, capturada em Mariupol no início da invasão.

Embora todas as informações que chegam do front da guerra e político sejam opacas, daí pouco se sabe como e por que Erdogan rompeu essa linha com a Rússia, já está confirmado pelo presidente Volodymyr  Zelensky e pelos oficiais libertados que todos seguirão para as linhas de frente da atual contraofensiva.

Embora não seja um número significativo de soldados, que possa mudar o panorama, a ação está carregada de simbolismo.

E chega num momento no qual está mantida a ajuda em armamentos ocidentais à Ucrânia, a autorização do presidente americano Joe Biden de liberar bombas de fragmentação divulgada estes dias, e com Zelensky voltando de encontro com membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) com pelo menos o apoio do anfitrião – o próprio presidente turco.

Considerando que Putin já teve que lidar com o motim do grupo mercenário Wagner, cujas informações sobre o paradeiro do líder Yevgeny Prigozhin e suas tropas são pouco claras, além de deter generais que teriam dado apoio à sublevação, o pavio do presidente russo deve estar por um fio.

Além do mercado estar de olho no petróleo e no gás natural russos, em caso de endurecimento da crise, as commodities agrícolas trigo e milho entrarão em estado de atenção nos próximos dias.

A temporada 22/23 fechou com a Ucrânia conseguindo expedir cerca de 49 milhões de toneladas, pouca coisa superior a 2022 – mas longe das cerca de 70 a 80 milhões/t de antes da invasão -, e a que está começando não promete nada muito além disso com os portos abertos.

Com os portos fechados pelos navios de guerra russos, caso não haja uma nova solução, pode-se esperar preços internacionais pela hora da morte.

Com mais de 40 anos de jornalismo, sempre em economia e mercados, já passou pelas principais redações do País, além de colaborações para mídias internacionais. Contato por e-mail: infomercadosbr@gmail.com

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