Ações, Units e ETF's
Crédito precário pesa mais sobre varejo do que juros altos
No momento, dificuldades de financiamento no mercado financeiro atormentam empresários do setor
Mais do que o custo alto do crédito (em decorrência dos juros estratosféricos de 13,75% ao ano), as condições de sua concessão constituem hoje a maior ‘dor de cabeça’ para as empresas se manterem ‘vivas’ no concorrido mercado nacional. Apertos monetários à parte, o maior desafio enfrentado hoje pelos empresários, em especial, varejistas, diz respeito à precariedade das alternativas de financiamento oferecidas pelos bancos.
Nesse contexto, o momento recente, que espelha a situação desse segmento, que oscila entre a apreensão e o desespero, chegou ao seu ápice com o apelo bombástico, em tom de alerta, disparado pela dona do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, na direção do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto: “Se você não der um sinal, nós não vamos aguentar”, advertiu a empresária, durante reunião de lideranças do setor.
Mas, na verdade, não foram as palavras enfáticas da empresária, mas a melhora das expectativas de inflação é que determinou a adoção, pela autoridade monetária, de um tratamento mais ‘brando’ no que toca às perspectivas de corte dos juros, esperado por analistas para agosto próximo.
Esse quadro alarmante foi exposto pela pesquisa da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção), segundo a qual, para mais da metade das empresas consultadas (52%), os prazos dos financiamentos bancários estão piores ou muito piores do que há um ano; 50% admitem piora nas carências e outros 44% observaram o aumento das exigências relacionadas a pedidos de garantia.
Já a sondagem mensal elaborada pela Abinee (Associação Brasileira Indústria Elétrica Eletrônica) – para aferir o ‘comportamento’ do crédito – atestou a dificuldade de 44% dos empresários de conseguir financiar seu capital de giro, referentes a compromissos de curto prazo.
Ante à dura realidade de juros asfixiantes, os empresários não escondem a ansiedade por um afrouxamento monetário breve. Sobre essa situação exasperante, para muitos, o diretor-superintendente da Abit, Fernando Valente Pimentel, acentua que “o crédito não acabou, mas ficou escasso e atingiu um custo que faz as empresas lutarem ao máximo para não ir ao sistema financeiro”, ao explicar que “não há negócio que pague os juros atuais. As empresas menores sofrem mais”.
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