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Huawei cresce em energia solar no Brasil e foca em baterias em meio a polêmicas por 5G
Fabricantes chineses são os principais fornecedores de equipamentos da cobiçada indústria solar brasileira.
A gigante chinesa Huawei cresceu de maneira acelerada no visado setor de energia solar do Brasil, onde é campeã no fornecimento de inversores solares, equipamento que recebe a energia dos painéis, com 30% desse mercado no país.
A empresa, mais conhecida por equipamentos de telecomunicações e pelas recentes polêmicas mundiais sobre sua tecnologia 5G, agora prepara o lançamento de baterias elétricas associáveis com sistemas de geração fotovoltaica, afirmou executiva da Huawei.
Companhias da China têm cobiçado o mercado de energia elétrica no Brasil e fabricantes chineses são os principais fornecedores de equipamentos da próspera indústria solar brasileira, em meio a uma aposta de Pequim em energias renováveis e segmentos inovadores.
Mas, na visão da Huawei, a trajetória do Brasil nessa área está apenas no início.
“Esse setor ainda é muito pequeno em relação ao mercado total, se a gente falar em termos de matriz energética a parte solar representa menos de 2%. Então achamos que a indústria solar tem realmente um futuro muito brilhante no Brasil. E além disso o Brasil tem um recurso muito bom em comparação com qualquer país do mundo, de sol, de irradiação”, disse Quanling Wang, diretora de Digital Energy Business da Huawei do Brasil.
“A Huawei começou no final de 2016 o negócio de solar no Brasil e até agora, em três anos e pouco, já se tornou líder de mercado”, completou. Segundo ele, usinas solares em operação ou em construção com inversores solares da Huawei chegam a cerca de 2 gigawatts em potência.
Atualmente, o Brasil possui aproximadamente 3 gigawatts em capacidade instalada em grandes usinas solares, bem como cerca de 3,8 gigawatts em sistemas solares em geração distribuída, modalidade que envolve a instalação de placas fotovoltaicas em telhados ou terrenos para atender diretamente à demanda de empresas e consumidores.
“A participação de mercado é de aproximadamente 30%”, afirmou Wang.
Para a executiva, a Huawei não tem um objetivo definido de crescimento nesse setor, mas quer continuar fornecendo, além de módulos, outras alternativas como tecnologias que usam inteligência artificial (IA) para aprimorar a performance dos ativos solares.
Um projeto solar da geradora Rio Alto, em Coremas, no sertão da Paraíba, foi instalado recentemente pela empresa para aumentar a geração e otimizar as atividades de operação e manutenção com o uso de algoritmos e modelos matemáticos baseados em IA.
“Na indústria solar temos o objetivo de levar a digitalização para todas usinas”, disse ela.
Baterias elétricas
Wang também falou que a Huawei tem se preparado para lançar no Brasil no curto prazo soluções com baterias elétricas, que podem ser associadas a painéis solares, por exemplo, para fornecer energia ininterruptamente.
Previsto para novembro, o primeiro lançamento será de uma bateria voltada para residências, chamada de Luna 2000, que terá design modular e capacidade de até 30 kwh, com módulos de 5 kwh cada e feita de fosfato de ferro-lítio. O equipamento normalmente é usado em veículos elétricos, segundo a empresa.
Para o primeiro semestre de 2021, a previsão da Huawei é lançar no país baterias para fins comerciais, incluindo em grandes usinas de geração centralizada, disse a executiva.
Wang afirmou que a empresa ainda está negociando com clientes e parceiros no Brasil para identificar as alternativas mais vantajosas de uso de baterias e como ocorrerá regulamentação do uso desses equipamentos.
Em setembro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deu início a um processo de discussão pública sobre com ajustar a regulação para permitir a inserção de tecnologias de armazenamento de energia.
“Estamos lançando agora globalmente, mas na China já fizemos alguns projetos piloto, e depois no Brasil vamos fazer alguns pilotos também. Estamos em conversas com uma universidade para fazer um laboratório de pesquisa e desenvolvimento (P&D) incluindo bateria, um P&D para energia solar no Brasil, mas ainda não fechamos o acordo”, explicou Wang.
A Huawei escolheu fabricar suas próprias baterias depois de várias experiências com aplicações de armazenamento de energia em sua atuação no setor de telecomunicações, acrescentou ele.
Para a executiva, essas soluções poderiam ser usadas, por exemplo, para garantir fornecimento de energia em regiões remotas que não fazem parte do sistema elétrico interligado, como a Amazônia, onde muitas vezes a energia é gerada por usinas térmicas caras e poluentes.
Segurança
Em meio ao avanço da Huawei em energia solar no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro indica que poderá sancionar restrições no leilão de tecnologia 5G do país, programada para 2021, devido a pressões norte-americanas para que a empresa seja barrada na concorrência, movimento aprovado por alguns nichos do governo.
Concomitantemente, companhias brasileiras de telecomunicações se mostram interessados em manter no páreo a China, que campeão nos quesitos produção e preço.
O governo de Donald Trump têm afirmado que a tecnologia de redes 5G da Huawei poderia ser utilizada para fins de espionagem, enquanto o governo chinês e a empresa negam as acusações.
Wang disse que a Huawei “não comenta política” e está focada em suas atividades, quando perguntada sobre como a polêmica do 5G poderia afetar os negócios, incluindo em energia solar.
“Em 30 anos de atuação, a Huawei nunca teve um grande incidente relacionado à segurança nos 170 países em que opera. A Huawei tem a confiança de mais de 2 bilhões de consumidores”, escreveu a companhia.
A Huawei também pediu que o Brasil não a retire da concorrência no leilão de 5G. “Banir operadores específicos com base na origem do país não fará nada para proteger as redes de comunicações. Tal ação ampliará ainda mais a exclusão digital, desacelerando o ritmo do desenvolvimento econômico sem proteger as redes de telecomunicações”, afirmou.
Em comentário feito na Assembleia Geral das Nações Unidas realizada no final de setembro, o presidente Bolsonaro indicou possíveis restrições no leilão de 5G, dizendo que eventuais parceiros brasileiros na tecnologia deverão prezar pela “liberdade e proteção de dados”.
Mas alguns dias antes, Bolsonaro esteve presente na inauguração de uma usina solar no interior da Paraíba que usa inversores e soluções de inteligência artificial da Huawei.
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