Por que abrir as cortinas do avião é importante?

Nos corredores apertados de um avião comercial, as instruções dos comissários de bordo ressoam como um mantra familiar antes de cada voo. Entre os muitos detalhes que eles orientam, há uma diretiva que, embora pareça sutil, tem uma ligação profunda com a segurança e o conforto a bordo: a posição das cortinas das janelas.

Seja durante as instruções pré-voo ou ao longo do trajeto, você provavelmente já ouviu a solicitação para manter as cortinas abertas ou fechadas, dependendo do momento.

Isso pode parecer uma formalidade menor, mas a realidade é que essa orientação está enraizada na segurança e no desempenho operacional da aeronave. O cenário muda pouco, independentemente da companhia aérea ou do modelo da aeronave.

Foto: Audrius Merfeldas/shutterstock

A razão central por trás dessa instrução é garantir que os comissários de bordo possam visualizar partes estratégicas do avião durante os momentos cruciais, como a decolagem e o pouso. Isso não é uma mera formalidade — essa visibilidade pode fazer a diferença em uma situação de emergência.

Imagine a seguinte situação: uma das saídas do avião é inutilizada devido a um incêndio próximo. Nesse caso, a orientação é que todos a bordo se dirijam à outra saída disponível.

O fechamento das cortinas nas janelas próximas à saída inutilizada evita que os passageiros sejam tentados a usá-la, direcionando-os para onde a evacuação é segura e eficiente.

Além disso, em casos extremos de pouso na água, conhecido como amerissagem, a altura da água em relação à porta é crucial. Se a água estiver acima do nível do batente da porta, abri-la poderia acelerar a inundação da aeronave, dificultando a evacuação.

A observação cuidadosa do ambiente externo antes de abrir uma porta pode ser a diferença entre uma evacuação segura e um cenário desastroso.

A abertura ou fechamento das cortinas não é uma escolha arbitrária, mas sim uma estratégia adaptada às características específicas de cada modelo de avião e procedimento de operação da companhia aérea.

Em aeronaves mais antigas, como o Fokker 100, a orientação para manter as cortinas das janelas abertas durante a decolagem e o pouso tinha a intenção de oferecer uma visão mais ampla do exterior, uma vez que os comissários não tinham uma visão clara da parte externa do avião.

No entanto, essa abordagem pode variar. Em aeronaves mais modernas, como as da família Airbus A320 e Boeing 767 e 777, janelas especialmente projetadas fornecem uma visão ampliada, permitindo que os comissários mantenham a visibilidade mesmo com as cortinas fechadas.

No que diz respeito aos passageiros, algumas companhias aéreas optam por orientar que as cortinas das janelas sejam mantidas abertas, proporcionando uma visão mais clara para o exterior.

Isso não apenas auxilia em situações de resgate, mas também pode impactar positivamente o controle climático na cabine, reduzindo a temperatura em regiões quentes do planeta.

No entanto, o equilíbrio entre segurança e conforto é complexo. Em voos noturnos em direção à Europa, por exemplo, manter as cortinas fechadas pode garantir um ambiente mais escuro e propício ao sono, evitando o desconforto causado pelo nascer do sol durante o voo.

No final das contas, por trás das instruções sobre as cortinas das janelas reside uma intrincada coreografia de precauções e práticas, cuidadosamente projetadas para garantir a segurança e o bem-estar dos passageiros em todas as etapas do voo.

Cada pedido aparentemente simples é um elo crucial na complexa corrente que sustenta a operação aérea moderna. Interessante, não?