Cotidiano
Por trás do 'Felizes para Sempre': o amor pode durar de verdade?
O amor é motivo de admiração, idealização e curiosidade há milhares de anos. Mas será que é possível separar o sentimento real do ilusório?
O amor é um conceito amplamente difundido pelo mundo e a humanidade tece filosofias e entendimentos sobre o tema há vários milênios. Apesar de sofrer mudanças com o passar dos tempos, o amor foi idealizado pelas mais diversas civilizações.
Por exemplo, os gregos antigos criavam complicados ensaios e explicações para tentar encaixar esse complexo sentimento em categorias. Há, inclusive, um mito apresentado por um dramaturgo chamado Aristófanes que contava uma história bastante curiosa a esse respeito.
Segundo a narrativa, no começo dos tempos, os deuses criaram seres humanos diferentes e cada indivíduo possuía dois sexos, quatro braços e quatro pernas em um só corpo. Porém, temendo que tais seres superassem as divindades, o monarca do Olimpo jogou diversos raios nas criaturas e as separou em definitivo.
Assim, teria sido criado o sexo masculino e o feminino, sendo que ambos continuariam buscando um ao outro para tentar retomar a união perdida. Inclusive, essa é uma das lendas mais conhecidas sobre o amor, e próximo de datas como o Dia dos Namorados, podemos encontrar vários posts na internet contando essa história.
Ainda viajando por terras helênicas (gregas), existe uma belíssima lenda que conta as desventuras do grande músico Orfeu, filho de Apolo, o Deus do Sol. Esse jovem foi um harpista maravilhoso e, ao tocar suas melodias, até os pássaros deixavam de voar nos céus para escutá-lo.
Porém, o destino, conforme apontam as lendas, foi um tanto cruel com o rapaz, visto que sua amada, Eurídice, acabou sendo picada por uma cobra e, por consequência, morta enquanto tentava fugir de uma tentativa de violação por parte de Aristeu, o apicultor.
Inconformado com o ocorrido, o herói desceu até o mundo dos mortos e pediu ao Deus do Submundo que libertasse a alma da moça.
Para convencer Hades, o senhor dos mortos, ele tocou a mais triste melodia em sua lira, o que fez com que o sombrio irmão de Zeus chorasse lágrimas de ferro. Após o concerto, foi permitido que Orfeu levasse sua esposa consigo, mas de maneira alguma eles deveriam olhar para trás enquanto se retiravam do local.
Desse modo, todo animado, o semideus seguiu com a mulher pela trilha que conduzia para fora dos domínios do pós-vida, mas, quando chegaram perto da saída, ela não resistiu e deu uma espiada por trás do ombro. Esse simples ato fez com que imediatamente os desencarnados a arrastassem de volta, deixando o jovem simplesmente inconsolado.
História bonita e, ao mesmo tempo, trágica, não é mesmo? Alguns estudiosos afirmam que esse texto nada mais é do que uma alegoria que ilustra o quanto o amor pode trazer alegria para a vida de alguém, e, em contrapartida, causar grandes feridas quando isso nos é tirado.
Como saber se estamos verdadeiramente amando?
Em suma, não existe uma fórmula mágica para descobrir se você realmente ama alguém de verdade. Os sinais podem variar muito de uma pessoa para outra, mas se o sentimento é mesmo natural e sincero e se há vontade e uma origem quase irracional para o que você está sentindo, então as chances do amor ser verdadeiro são grandes!
Afinal, aqueles que amam ardentemente, raramente conseguem explicar as causas referentes ao que sentem. De acordo com os relatos, parece ser algo mais forte do que o ego humano, portanto, o cérebro se torna incapaz de quantificar isso em dados mais palpáveis.
Entretanto, é preciso tomar cuidado para não confundir desejo e paixão com o amor sincero. Infelizmente, desde sempre houve aqueles incapazes de diferenciar tais coisas, e é aí que mora o perigo. Justamente por confundirem os sentimentos, alguns indivíduos tornam-se violentos, paranoicos e até obsessivos com quem lhes desperta afeto.
A psicóloga Eglacy Sophia explica:
“O amor, na verdade, é calmo, tranquilo, maduro, ele aceita o jeito do outro. Ele é seguro, e a pessoa que não tem toda a maturidade para diferenciar acaba confundindo.”
Por fim, é crucial entender a diferença entre os amores sadios e os doentios. Os amores doentios podem levar a relações tóxicas, dependentes e consequentemente abusivas.
Para tal, é preciso observar detalhes sobre o vínculo predominante em um relacionamento. Então, caso você se veja vivendo uma relação com esses parâmetros nocivos, é bom tomar cuidado. A psicóloga ainda elucida:
“Quando saudável, o amor leva individualmente as pessoas ao crescimento, seja na vida profissional, financeira, familiar, até na saúde física. Quando o vínculo é patológico, a pessoa se sente estagnada, não caminha, porque ela coloca toda a vida no relacionamento, na queixa, na insatisfação, na idealização, tirando a energia no sentido do progresso individual.”
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