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Chip cerebral que lê pensamentos? Saiba até onde a nova invenção de Elon Musk é capaz de ir

Bilionário aposta no desenvolvimento de eletrodos para estimular a atividade cerebral e, até mesmo, segundo ele, ler pensamentos. Será possível?

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Tesla Elon Musk Carros autônomos

Em 2020, ao explicar os potenciais usos de implantes cerebrais desenvolvidos pela Neuralink, sua empresa de neurotecnologia, o bilionário Elon Musk deu um sinal do que estaria por vir: “o futuro vai ser estranho“, disse ele.

Há anos, a empresa trabalha no desenvolvimento de chips que serão implantados no cérebro de pessoas. Eles são, na verdade, uma pequena sonda com mais de 3 mil eletrodos ligados a fios flexíveis que são mais finos do que um fio de cabelo.

A ideia do magnata é conseguir conectar o cérebro com computadores para fazer o download de informações e memórias da mente, tal qual o filme de ficção científica “Matrix”, de 1999. Você consegue imaginar o impacto disso?

Outros efeitos

A intenção, ainda, é utilizar a tecnologia para tentar reverter condições, como cegueira e paralisia, atingindo a telepatia humana. O bilionário acredita, por exemplo, que isso ajudaria a humanidade a sobreviver, em caso de guerra contra a Inteligência Artificial.

Parece conversa de maluco, né? Vamos então ao que se sabe, até então. A Neuralink obteve na última semana a autorização da Food and Drugs Administration (FDA), que é como se fosse a Anvisa dos Estados Unidos, para iniciar os testes do chip cerebral em humanos. Esse é um passo fundamental para atingir os resultados almejados.

Mas tudo isso é possível?

A ambição de Musk é notável, mas o que a ciência diz é um pouco diferente do que ele espera conseguir: não é possível ler a mente das pessoas. Em muito, isso está ligado ao fato de que não se sabe, ao certo, onde e como os pensamentos são armazenados no cérebro.

Fora isso, trata-se de algo subjetivo, que a ciência, com toda a sua objetividade, ainda não conseguiu captar. Basicamente, não tem como ler pensamentos se não se compreende a neurociência por trás deles.

A tecnologia Neuralink foi apresentada pelo bilionário em 2019. O empresário utilizou um porco com chip no cérebro e o vídeo de um amacaco jogando pingue-pongue com a mente para demonstrar o poder da invenção. Do ponto de vista da medicina, no entanto, o potencial dos chips pode ir muito além disso.

Uso na medicina

A princípio, segundo especialistas, esse tipo de tecnologia foi criada para ajudar pessoas paralisadas por lesões na coluna ou com síndrome do encarceramento, que é quando o indivíduo não consegue se mover, apesar de estar totalmente consciente.

Os chips são projetados, nesse caso, para registrar sinais elétricos de neurônios no córtex motor e, depois, enviá-los para um computador onde são exibidos em forma de texto.

O córtex, geralmente, não está ligado aos pensamentos de uma pessoa. Por outro lado, é de onde saem as instruções de movimento ao corpo.

Os eletrodos registram, então, um plano motor resultante do processamento em diferentes partes do cérebro (sensorial, linguístico, cognitivo) que é necessário não só para se mover, mas também para falar.

Identificação de sensações

Em 2016, o presidente dos EUA à época, Barack Obama, viveu uma experiência que demonstrou o avanço desse tipo de tecnologia. Ele apertou a mão robótica de Nathan Copeland, um homem que ficou paralisado após sofrer um acidente de carro.

O aperto de mão foi sentido por Copeland como se ele tivesse sido tocado na própria pele. Os cientistas concluíram que os eletrodos foram capazes, então, de estimular o cérebro com pequenas correntes para produzir a sensação.

Nathan teve um chip implantado no cérebro chamado Utah Array, feito para melhorar o funcionamento de uma parte deficiente do sistema nervoso. Ele foi inserido no córtex sensorial e conectado aos sensores da mão robótica.

Esses avanços obtidos, até então, demonstram bem o potencial do uso de eletrodos para estimular o cérebro, mas até então, eles seguem restritos a casos especiais.

A Neuralink de Elon Musk, por exemplo, só fez testes em animais. Resta saber agora como a tecnologia do magnata vai se comportar nos testes em humanos.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com especialização em Comunicação Digital, e que trabalha há 14 anos como repórter e redator

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