Economia
Em ‘flagrante’ perda de dinamismo, faturamento industrial cai 0,5% em setembro
Segundo a pesquisa ‘Indicadores Industriais’, da CNI, tendência adversa decorre de juros altos
Perda flagrante perda de ‘dinamismo’, por conta dos juros elevados incidentes na economia. Essa é a explicação recorrente para a queda de 0,5% de faturamento real da indústria em setembro último (na série livre de efeitos sazonais), segundo a pesquisa Indicadores Industriais, divulgada, nesta terça-feira (31) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), que também observou recuo no número de horas trabalhadas na produção e do nível de utilização da capacidade instalada.
Na avaliação da entidade, com alternância de quedas mais significativas do que altas, o setor vem apresentando, ao longo de 2023, trajetória declinante, uma vez que no comparativo anual (setembro de 2022) houve redução de 1,4%.
As horas trabalhadas na produção industrial, por seu turno, apresentaram retração de 1%, ante agosto, o que correspondeu ao quarto mês consecutivo de retração, ao passo que, no comparativo anual, a perda é mais acentuada, de 3,5%.
A explicação para a baixa generalizada de todos os indicadores seria o aperto monetário promovido pelo Banco Central (BC) – hoje, no patamar, ainda elevado, de 12,75% ao ano – a título de ‘dobrar’ a resiliente inflação tupiniquim. Ao comentar o processo de franca desaceleração industrial, a economista da CNI, Larissa Nocko, observa que “apesar do início dos cortes da taxa básica de juros, ela [taxa] permanece exercendo um papel restritivo sobre a economia, contribuindo para um ambiente de crédito bastante desfavorável”.
A economista lembra, ainda, que o nível de endividamento e de inadimplência das famílias e a taxa média de juros das operações de crédito permanecem muito elevados. “Esperamos uma redução das concessões de crédito às empresas neste ano, em termos reais, e um crescimento fraco das concessões aos consumidores, o que já vem repercutindo sobre uma demanda bastante enfraquecida”, afirma.
No quesito emprego industrial, o quadro não é muito distinto, pois esse indicador, apesar de ter ficado estável, na passagem de agosto para setembro, registrou somente dois avanços neste ano, alternados por quedas mais acentuadas, confirmando a perda de dinamismo do setor, após avanços nos anos de 2021 e 2022. Ante setembro de 2022, o indicador avançou 0,4%.
Melhor resultado revelou a massa salarial real da indústria de transformação, que cresceu 1,5% em setembro, no comparativo mensal, marcando segundo mês de alta, e crescimento acumulado de 2,4%. No comparativo anual, a expansão é mais substancial, de 3,1%.
No que se refere ao rendimento médio real, houve crescimento de 1,6%, no comparativo mensal, segundo avanço seguido, acumulando alta de 2,7%, em agosto e setembro, e elevação de 2,8% no comparativo anual.
Já a utilização da capacidade instalada (UCI) da indústria de transformação chegou a 78,1% em setembro, o que corresponde a um recuo de 0,3 ponto porcentual, no comparativo mensal e de 2,8 p.p., no comparativo anual. A conclusão da CNI é que a UCI apresenta queda contínua da série desde 2021.
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