Cotidiano
SUS: País inicia estratégia para ampliar oferta de terapias gênicas
Sistema Único de Saúde.
Ontem, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) firmou acordos para dar início à sua Estratégia para Terapias Avançadas, com o objetivo de tornar mais acessíveis as terapias gênicas e, consequentemente, ampliar sua disponibilidade pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O projeto recebe financiamento do Ministério da Saúde, por meio do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
As terapias gênicas visam a manipulação genética para combater diversas doenças, como câncer, doenças autoimunes, aids e síndromes genéticas. Atualmente, existem várias dessas terapias em uso, com 15 delas autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para utilização no Brasil, enquanto centenas estão em estudo ao redor do mundo.
No entanto, o alto custo dessas terapias representa um grande obstáculo. Por exemplo, o tratamento para distrofia muscular de Duchenne, uma condição progressiva e irreversível, pode custar até R$ 15 milhões, valor semelhante ao tratamento para hemofilia A.
SUS
Segundo a Fiocruz, estima-se que nos próximos cinco anos serão gastos entre R$ 4 bilhões e R$ 14,5 bilhões anualmente com esses tratamentos, se o valor cobrado pelas farmacêuticas for mantido.
A oferta desses tratamentos em unidades de saúde privadas é inacessível para aqueles que não têm recursos financeiros suficientes. Por outro lado, oferecer esses tratamentos gratuitamente pelo SUS é muito custoso para os cofres públicos.
A proposta da Fiocruz, por meio de seu Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), é desenvolver e disponibilizar terapias gênicas a um custo cerca de 10% do atual.
Fase inicial
A fase inicial de desenvolvimento desses tratamentos contará com o apoio da organização sem fins lucrativos norte-americana Caring Cross, que transferirá tecnologia para o instituto brasileiro.
A ministra da Saúde, Nísia Trindade, enfatizou que a orientação é que essas terapias desenvolvidas pela estratégia da Fiocruz sejam incorporadas ao SUS. Além disso, destacou a redução significativa, em dez vezes, do custo dos tratamentos disponíveis atualmente, o que representa um aumento de dez vezes no acesso a essas terapias.
O primeiro projeto da Estratégia para Terapias Avançadas envolve a reprogramação de células de defesa do organismo para combater cânceres hematológicos, como linfomas e leucemias agudas, em parceria com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), que já realiza pesquisas nessa área.
Terapia
Essa terapia, chamada de CAR-T, consiste em inserir genes específicos em linfócitos T (células de defesa), tornando-os mais eficazes na identificação e destruição de células cancerosas. O custo desse tratamento, atualmente em torno de R$ 2 milhões, pode ser reduzido para R$ 200 mil com a iniciativa da Fiocruz e do Inca.
Os testes clínicos para validar essa terapia devem começar até o final deste ano, nos Estados Unidos e no Brasil. Com a terapia validada, está prevista a instalação de laboratórios modulares em hospitais em diversas regiões do Brasil, permitindo a descentralização desses tratamentos.
A ministra Nísia Trindade ressaltou que a redução do custo das terapias gênicas beneficiará não apenas o Brasil, mas também outros países da América Latina e da África.
(Com Agência Brasil).
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