Petrobras: Presidente recém-empossada mira transição energética

Durante a cerimônia de posse realizada ontem, a nova presidente da Petrobras (PETR3; PETR4), Magda Chambriard, destacou a importância da transição energética em seu discurso. O evento contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, representantes do governo federal e lideranças dos trabalhadores. Magda reafirmou o compromisso da Petrobras com a redução progressiva das emissões de carbono, visando zerá-las até 2050.

Magda, que assumiu o cargo oficialmente no fim do mês passado, reiterou posições já anunciadas em sua primeira coletiva de imprensa. Ela afirmou que a gestão da Petrobras buscará rentabilidade enquanto contribui para os desafios do país e lidera uma transição energética justa e inclusiva.

Segundo Magda, o gás natural será considerado um “combustível de transição”. Ela afirmou que a empresa fortalecerá suas iniciativas em energias renováveis, destinando 11% dos investimentos a projetos de baixo carbono. “Vamos tirar proveito da nossa expertise e focar nos combustíveis verdes do futuro. Também avançaremos em energia eólica, solar e hidrogênio”, acrescentou.

Magda ressaltou a necessidade de uma transição energética que não comprometa a segurança energética do país, destacando que o processo tem um custo. Para financiar essa transição, ela enfatizou a importância dos investimentos em exploração e produção de petróleo. “Alguém tem que financiar essa transição. E é o petróleo que vai pagar essa conta”.

Petrobras (PETR3; PETR4)

O evento aconteceu no Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação da Petrobras (Cenpes), no Rio de Janeiro, e contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da primeira-dama Janja da Silva. É a primeira vez em 12 anos que um presidente da República prestigia a posse de um presidente da Petrobras nas instalações da empresa. A última vez foi quando Dilma Rousseff nomeou Graça Foster para comandar a empresa.

Entre os presentes estavam os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil), Margareth Menezes (Cultura), Luciana Santos (Ciência, Tecnologia e Inovação), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência) e Laércio Portela (Secretaria de Comunicação), além de vários parlamentares, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante.

Ela expressou orgulho em assumir o cargo, lembrando o início de sua carreira na Petrobras aos 22 anos e sua passagem pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), onde foi diretora-geral entre 2012 e 2016. “A Petrobras nasceu do desejo dos brasileiros e brasileiras por um país soberano na produção de energia”, disse. Ela também mencionou a conversa com Lula ao ser convidada para o cargo, destacando a missão de movimentar a Petrobras e impulsionar o PIB do país.

Magda reiterou seu apoio aos investimentos para fomentar a produção nacional de fertilizantes, a indústria naval e o ramo petroquímico. “Os fertilizantes são uma boa oportunidade para ampliar significativamente o mercado de gás. O gás natural é o insumo com maior impacto no mercado de fertilizantes”, avaliou.

Compromisso Social

A nova presidente da Petrobras destacou que a atuação da empresa vai além do segmento energético, citando investimentos em projetos sociais, ambientais e culturais. “Para cada real investido pela Petrobras, estimam-se que sejam gerados R$ 5 em benefícios para a sociedade”, afirmou. Ela anunciou a doação de R$ 30 milhões para os afetados pela tragédia climática no Rio Grande do Sul.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, elogiou a “visão abrangente” de Magda. Segundo ele, é importante considerar os dividendos e royalties, bem como um olhar de longo prazo. “O discurso de Magda fala fundo aos nossos anseios de fazer o Brasil crescer, de descobrir novos potenciais, de induzir o setor industrial, de promover a transformação ecológica do nosso planeta”.

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, destacou o perfil técnico de Magda e sua dedicação ao avanço do Brasil. Ele defendeu uma Petrobras comprometida com o país e preocupada com o meio ambiente. “No governo anterior, a Petrobras não investia no Brasil. Ela não se preocupava com o país”.

Trabalhadores

Durante seu discurso, Magda mencionou lideranças dos trabalhadores, como Rosangela Buzanelli, representante dos empregados no Conselho de Administração da Petrobras, e Deyvid Bacelar, da Federação Única dos Petroleiros (FUP), recebendo aplausos.

Deyvid Bacelar expressou expectativas positivas em relação à gestão de Magda. “A Petrobras precisa investir mais no Brasil. Ela não deve ser essa fábrica de dividendos vultuosos que é hoje. Concordamos com os desafios que a presidenta aqui nos trouxe, de ampliar a capacidade de refino, de retomada de obras paralisadas durante a Operação Lava Jato, de termos uma transição energética justa e dialogada com as comunidades impactadas e com os trabalhadores e trabalhadoras”, destacou. Ele também apoiou o papel da Petrobras como indutora do desenvolvimento da indústria naval nacional.

Um dia após a posse, Magda já terá que lidar com a mobilização dos trabalhadores. A FUP convocou um ato nacional para esta quinta-feira (20) em frente à sede da empresa, no centro do Rio de Janeiro. Os trabalhadores iniciarão uma vigília por tempo indeterminado, reivindicando soluções para o equacionamento da Fundação Petrobras de Seguridade Social (Petros) e problemas relacionados ao plano de saúde e acesso à aposentadoria.

(Com Agência Brasil).