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Vale: CVM julga ex-executivos por Brumadinho

Companhia é uma mineradora multinacional.

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O julgamento de Fábio Schvartsman, ex-presidente da Vale (VALE3), e Gerd Peter Poppinga, ex-diretor de ferrosos e carvão, marca um novo capítulo nas investigações sobre o rompimento da barragem B1 da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG). O desastre, ocorrido em 2019, resultou na morte de 270 pessoas e causou danos irreparáveis ao meio ambiente local. A tragédia, que abalou o setor de mineração, levantou questionamentos sobre a atuação da liderança da mineradora à época.

Eles estão arrolados em um processo administrativo sancionador (PAS), conduzido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que investiga se os ex-executivos cumpriram adequadamente seu “dever de diligência” em relação à segurança das barragens. A acusação sustenta que a diretoria e o conselho da Vale recebiam informações superficiais sobre os riscos estruturais e, mesmo após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015, não adotaram medidas preventivas eficazes.

O relatório da CVM destaca semelhanças entre os dois desastres, ressaltando que ambas as barragens utilizavam o método “a montante”, considerado de alto risco. Além disso, ambas as estruturas haviam recebido Declarações de Condição de Estabilidade (DCEs) positivas pouco antes dos rompimentos, o que revela falhas nos mecanismos de monitoramento e gestão de riscos da Vale.

Vale (VALE3): o que diz a investigação?

A investigação aponta que, apesar de sinais de irregularidades, o alto escalão da mineradora não discutia os riscos de rompimento de barragens como a de Brumadinho em suas reuniões. As poucas apresentações sobre o tema indicavam que as estruturas operavam normalmente e estavam seguras, o que se mostrou equivocado.

Enquanto o julgamento avança, o Santander manteve uma visão otimista sobre as ações da Vale (VALE3), reforçando sua recomendação para investidores. O banco acredita que a demanda por minério de ferro de alta qualidade deve se manter sólida no curto prazo, beneficiando a mineradora.

O Santander projeta o preço da commodity em torno de US$ 120 por tonelada em 2024, sustentado por desafios de oferta, como o ramp-up da própria Vale, questões ambientais (ESG) e a escassez de novos projetos de mineração. Segundo o relatório, esses fatores devem manter o preço do minério acima de US$ 100/t por um período prolongado.

A Vale também é vista como uma das favoritas do setor de siderurgia e mineração, negociando a um valuation atraente e com estimativas de um rendimento de fluxo de caixa livre (FCL) de 14% e dividend yield de 10,5%. O banco ainda vê a mineradora em posição de destaque em relação aos seus pares globais, com um desconto de 29% em seu valuation.

Entre os principais fatores que podem impulsionar as ações da Vale, o Santander cita:

  • Recuperação da demanda industrial na China;
  • Aumento dos preços do minério de ferro;
  • Potencial de distribuição de dividendos e recompra de ações pela Vale;
  • Desbloqueio de valor com a venda minoritária da divisão de Metais Básicos.

Por outro lado, os riscos incluem uma possível queda na produção de aço na China, que representa cerca de metade da demanda global por minério de ferro, além de uma valorização inesperada do real e aumentos de passivos relacionados ao desastre de Mariana.

Redatora. Formada em Técnico Contábil e Graduada em Gestão Financeira. Contato: simonillalves@gmail.com.

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