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Agronegócio

Por que o Brasil não fabrica seus próprios fertilizantes?

Guerra na Ucrânia em 2022 amplificou a crise dos fertilizantes no Brasil, já agravada por fatores políticos e econômicos globais.

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Desde o início de 2022, a guerra na Ucrânia ganhou destaque nos noticiários, impactando de maneira severa o mercado de fertilizantes no Brasil.

Essa situação foi precedida por crises energéticas na China e políticas em Belarus em 2021, que já haviam impulsionado a alta dos preços. Essa sequência de eventos pressionou o custo dos alimentos no país, afetando diretamente a economia e o agronegócio.

O preço dos fertilizantes no Brasil sofreu um impacto drástico em 2022. Por exemplo, o cloreto de potássio apresentou um aumento de 150,7% no primeiro semestre comparado ao mesmo período de 2021.

Já o MAP, um fosfatado, registrou um aumento de 66,9% na mesma comparação. No entanto, ao final do ano, alguns preços começaram a se estabilizar, retornando aos patamares de fevereiro de 2021.

Um fator preponderante foi a antecipação das importações. Entre 2017 e 2021, a maior parte do cloreto de potássio era adquirida em setembro. Entretanto, em 2022, 71,4% foi importado até julho.

O Brasil aumentou suas compras do Canadá, Israel e Alemanha, enquanto reduziu as provenientes da Rússia e Belarus, conforme analisado por Mauro Osaki do CEPEA da ESALQ-USP.

Como a guerra da Ucrânia impacta na importação dos fertilizantes agrícolas para o Brasil – Imagem: fotokostic/Shutterstock

Fatores históricos e econômicos

A dependência do Brasil na importação de fertilizantes não é recente. Em 1996, metade dos fertilizantes agrícolas utilizados era importada. Até 2021, essa dependência aumentou para 85%.

Em 1997, o CONFAZ zerou o ICMS para fertilizantes importados, enquanto o manteve em 8,4% para os nacionais, prejudicando a competitividade interna.

Empresas brasileiras, como Petrobras e Vale, abandonaram o setor de insumos agrícolas. Em 2018, a Petrobras focou em petróleo e gás, vendendo ou arrendando suas unidades de fertilizantes, embora anteriormente fosse a maior produtora de compostos nitrogenados do mundo.

Esse desinvestimento favoreceu a entrada de grandes grupos estrangeiros, como o russo Acron.

Consequências geopolíticas

A guerra na Ucrânia interrompeu negociações e afetou as importações de fertilizantes. Além disso, a dependência de insumos como gás natural, potássio e fósforo, controlados por Rússia, Belarus e Canadá, apresenta um desafio estratégico para o Brasil.

A geopolítica internacional influencia diretamente no abastecimento e nos preços dos fertilizantes.

Caminhos para o futuro

O cenário atual dos fertilizantes no Brasil exige uma reavaliação estratégica. Ampliar a produção nacional seria uma solução viável para reduzir a dependência externa.

A exploração de reservas locais de potássio e fósforo poderia ser incentivada. Investimentos governamentais e parcerias internacionais são essenciais para fortalecer o setor e garantir a sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

Jornalista, apaixonada por escrita desde pequena me encontrei no universo da comunicação digital. Já escrevi sobre diversos assuntos e minha missão é levar informação e conhecimento de forma simples e objetiva para o leitor, seja ele quem for!

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