Americanas inicia procedimento arbitral contra ex-executivos

A Americanas S.A. (AMER3) informou que deu início a um procedimento arbitral com o objetivo de responsabilizar ex-executivos da companhia pelos danos materiais e imateriais causados no âmbito da fraude contábil bilionária revelada no início de 2023. O caso veio à tona quando a empresa divulgou inconsistências contábeis que ultrapassavam R$ 20 bilhões, abalando o mercado e levando a companhia a um processo de recuperação judicial.

Em comunicado ao mercado, a Americanas cita diretamente quatro ex-executivos: Miguel Gutierrez, ex-CEO da companhia, Anna Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles. A empresa alega que os executivos cometeram “ilícitos” em 2022, e busca o pagamento de indenizações pelos prejuízos financeiros e danos à reputação da marca, além do reembolso das custas e despesas decorrentes do processo arbitral.

Contexto da fraude bilionária

A fraude contábil na Americanas foi descoberta em janeiro de 2023, quando o então CEO interino, Sergio Rial, revelou que a companhia mantinha passivos ocultos na ordem de bilhões de reais, registrados de maneira irregular ao longo de anos. A descoberta levou à renúncia da alta administração, à queda vertiginosa das ações na bolsa e ao pedido de recuperação judicial, que foi aceito pela Justiça.

A investigação interna e auditorias independentes apontaram que os problemas contábeis estavam ligados à prática de ocultação de dívidas financeiras, utilizando lançamentos irregulares que maquiavam a real situação econômica da empresa. O escândalo gerou uma onda de processos judiciais e arbitragens, além de mobilizar credores, fornecedores e investidores na busca de ressarcimento.

A Americanas, que possui como principais acionistas os bilionários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, tenta agora reestruturar suas operações e retomar a confiança do mercado, enquanto busca responsabilizar os ex-dirigentes pela gestão que culminou no colapso financeiro da companhia.