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Commodities

Setor de soja do Brasil pede sincronia de transgênicos com EUA para evitar incertezas

Abiove pode por sincronia das autorizações dos eventos transgênicos para eliminar riscos para importadores.

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A indústria de soja do Brasil acredita que o governo e as empresas que possuem tecnologias de safras transgênicas devem trabalhar no sentido de um reconhecimento da sincronia das aprovações de produtos geneticamente modificados no país e nos Estados Unidos, para extinguir incertezas quando há necessidade de importações, como no momento.

“O correto seria a sincronia das autorizações dos eventos transgênicos, para não ter insegurança nem risco para quem vai importar”, disse André Nassar, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).

O pedido ocorre em um momento em que o Brasil está importando soja dos Estados Unidos, em um movimento atípico, após exportações aquecidas e um processamento doméstico recorde que devem reduzir os derrubar nacionais aos menores níveis da história ao final deste ano.

Segundo informações da agência marítima Cargonave e do terminal Refinitiv Eikon, um navio com cerca de 30 mil toneladas de soja dos EUA já está chegando à costa do Nordeste brasileiro, com previsão de atracamento entre os dias 26 e 27 de novembro no porto de Paranaguá (PR).

Mais cedo neste mês, o governo brasileiro publicou uma instrução normativa sinalizando segurança jurídica para compras de soja e milho transgênicos dos EUA.

De acordo com o Ministério da Agricultura, a instrução normativa reconhece a equivalência de eventos geneticamente modificados entre Brasil e EUA.

Apesar disso, o dirigente da Abiove enxerga a necessidade dessa sincronização. De maneira geral, os Estados Unidos e Brasil têm os mesmos tipos de transgênicos aprovados, o que muda é o processo de aprovação, disse ele.

Por isso, disse ele, a necessidade da chamada sincronização, que deveria ser feita por meio de aprovação na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), a pedido das empresas.

Enquanto nos EUA, por exemplo, eventos transgênicos como resistência a herbicidas e a insetos têm aprovações separadas, ainda que possam estar presentes em uma mesma semente, no Brasil se aprova um produto de genes combinados, quando é o caso.

Segundo Nassar, as companhias donas de tecnologias de transgênicos deveriam buscar a sincronização das aprovações, via CTNBio, para evitar incertezas, caso o Brasil venha a exportar muita soja no futuro e tenha que, eventualmente, recorrer ao produto dos EUA novamente ao final do novo ano.

A Bayer, líder global de biotecnologia, não respondeu a pedidos de comentários, nem tampouco associações que reúnem empresas de defensivos agrícolas.

Os Ministérios da Agricultura e de Ciência, Tecnologia e Inovações, ao qual é ligada a CTNBio, órgão responsável por decidir sobre questões de biossegurança, não comentaram o assunto de imediato.

Compras do óleo

O Brasil, maior produtor e exportador de soja, vive uma baixa oferta de soja neste período de entressafra, por isso o governo tomou algumas decisões para ampliar a oferta do produto importado.

Ele permitiu o uso de matéria-primas importadas para a produção de biodiesel no começo desta semana, diante dos preços recordes de soja e da forte demanda de diesel.

Em outubro isentou de tarifas importações de soja e milho de fora do Mercosul, o que em tese beneficiaria principalmente os EUA. Países integrantes do bloco não pagam tarifa.

Em meio a incertezas sobre questões relacionadas a transgênicos e sem indícios de novas importações nos EUA, as compras de óleo de soja de países do Mercosul saltaram mais de 500% em outubro, de acordo com dados do governo.

As importações de óleo de soja do Brasil, produto que corresponde a cerca de 70% da matéria-prima do biodiesel, alcançaram 67,3 mil toneladas no mês passado, contra 10,6 mil toneladas um ano antes.

Esses desembarques do mês passa aumentara o total importado pelo país no acumulado do ano até outubro para 104,2 mil toneladas de óleo de soja, contra menos de 30 mil toneladas em igual período de 2019, com a Argentina e o Paraguai liderando a oferta importada em 2020, com 81,3 mil e 22,8 mil toneladas, respectivamente.

A expectativa para este mês é de que as importações sigam firmes, com cerca de 70 mil toneladas de óleo de soja previstas para desembarque, de acordo com a agência marítima Cargonave, que acredita que a Argentina será a mais exportadora.

Para além do óleo vegetal, o Brasil já importou 625,5 mil toneladas de soja no acumulado do ano, com países do Mercosul dominando a oferta e o Paraguai embarcando 589 mil toneladas, seguido pelo Uruguai (36,3 mil tonelada). O volume total é muito superior às 125 mil toneladas da mesma época do ano anterior.

O Brasil deve fechar 2020 com 1 milhão de toneladas de soja importada, principalmente com compras no Mercosul, e outras 200 mil toneladas de óleo de soja importado, segundo estimativas da Abiove.

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