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Bolsa cai com tensão entre Tesouro e Fed, mas mantém alta no mês

Em Nova York, o índice Dow Jones encerrou com declínio de 0,75%, aos 29.263 pontos e o Nasdaq com recuo de 0,42%, aos 11.854 pontos.

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Bolsa-duvida

A Bolsa brasileira até que tentou se manter em terreno positivo no início dos negócios, mas o mau humor externo dominou os negócios e o índice migrou para o campo negativo. A tensão entre o Tesouro norte-americano e o Federal Reserve surpreendeu a todos por ter sido considerado algo “inimaginável”. O Ibovespa encerrou o dia com queda de 0,68%, aos 105.941 pontos. Ao longo do dia variou entre a mínima de 105.680 pontos e a máxima de 106.763 pontos. O giro financeiro somou R$ 23,4 bilhões.

Apesar da queda no dia, o principal indicador acionário da B3 ainda mantém alta no mês, de 12,76%. No ano, o recuo é de 8,39%. A alta verifica no mês é atribuída à entrada de estrangeiros no período. Para se ter uma ideia, no mês, até o dia 18, a entrada de estrangeiros na Bolsa soma R$ 25,7 bilhões.

Para o economista chefe da Órama Investimentos, Alexandre Espírito Santo, ainda é cedo para comemorar. Ele lembra que no auge da crise, cerca de R$ 90 bilhões deixaram o país e, ressalta que o país está muito longe de resolver seus problemas e, que isso pode atrapalhar a vinda de recursos mais fortemente para o Brasil. “Nós não temos nem o Orçamento de 2021 ainda, toda hora a votação vai sendo empurrada, assim como decisões importantes, como as reformas e a questão fiscal. Por isso, a Fitch (agência de classificação de risco) reforçou a nota ruim do país. Eu não acho que a gente deve sair achando que saiu do inferno para o céu”, ressalta.

Na quarta-feira, a Fitch reiterou o rating do Brasil em BB-, com perspectiva negativa, e mostrou preocupação com o crescente endividamento do governo, uma estrutural fiscal rígida, fraco potencial de crescimento econômico e cenário político difícil, que impede o progresso nas reformas fiscais e econômicas.

Durante evento realizado pelo Bradesco na véspera, o ministro da Economia, Paulo Guedes,  afirmou que fará o que for necessário para reduzir a dívida e, caso seja necessário, ele pode considerar a venda de “um pouco das reservas”. O Brasil tem hoje US$ 355,5 bilhões em reservas internacionais. Segundo Guedes, uma pequena parte deste montante pode ser usado, em conjunto com várias outras ações, para reduzir o endividamento do país. “Nossa lógica é muito simples. A dívida tem que cair. E a maneira de fazer isso é vender ativos, privatizar, desalavancar bancos públicos, reduzir dívida interna e até vender um pouco de reservas”, afirmou o ministro.

O ministro também voltou a falar sobre o imposto digital, espécie de CPMF, que poderá sem cobrado sobre os recursos enviados por meio do PIX. Assim como o mercado, Guedes também avaliou que a reforma tributária só será destrava este ano “por um milagre”.

Entre os destaques de baixo do índice ficaram: PetroRio (-6,74%), Gol (-3,95%) e Lojas Renner (-3,47%). Já o lado positivo foi dominado por Pão de Açúcar (+4,51%), IRB Brasil RE (+4,04%) e Raia Drogasil (+3,33%).

As blue chips Petrobras e Vale terminaram em direções opostas: queda de 0,84% e alta de 0,49%, respectivamente.

Os bancos amargaram perdas. Itaú caiu 0,97%, Bradesco perdeu 1,21%, Banco do Brasil declinou 1,50% e Santander, -3,34%.

No exterior, o secretário do Tesouro norte-americano Steven Mnuchin exigiu do Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) a devolução de cerca de US$ 450 bilhões que não foram usados para que o Congresso pudesse impulsionar a economia do país. A autoridade monetária não gostou da decisão e declinou do pedido informando que “prefere que o conjunto completo de instalações de emergências estabelecidas durante a pandemia do covid-19 continue a servir seu importante papel como barreira para a economia ainda pressionada, em 2021”. O presidente do Fed de Chicago, Charles Evans, disse que está desapontado com a decisão de Mnuchin de suspender as linhas de empréstimos à pandemia em 31 de dezembro.

Para azedar ainda mais o humor do investidor, após o prefeito de Nova York informar que as escolas seriam fechadas em razão do avanço da doença na cidade, hoje foi a vez do estado da Califórnia anunciar que decidiu impor um toque de recolher de 22h às 5h.

Por outro lado, para contrapor um pouco o mau humor, a farmacêutica Pfizer anunciou que pretende pedir aos órgãos reguladores dos EUA a aprovação do uso emergencial da vacina contra o covid-19 ainda hoje.

Em Nova York, o índice Dow Jones encerrou com declínio de 0,75%, aos 29.263 pontos e o Nasdaq com recuo de 0,42%, aos 11.854 pontos.

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