Queda dos preços na zona do euro corrobora com expectativa de estímulo do BCE

Os preços na zona do euro recuaram pelo quarto mês seguido em novembro, endossando as preocupações do Banco Central Europeu de que a queda possa ser mais duradoura do que se previa, conforme os agentes deflacionários ficam mais fortes em meio a uma grande recessão.

A taxa anualizada dos preços no grupo continuou em -0,3%, menor do que os -0,2% esperados, com os preços de energia tombando e a queda dos bens industriais não energéticos se intensificando depois que a Europa adotou novas medidas de lockdown para enfrentar a pandemia de Covid-19.

Uma medida mais restrita, que exclui os custos de alimentos e energia, manteve-se em 0,4%, muito abaixo da meta do BCE de quase 2%, que não tem sido alcançado há mais de sete anos. Essa é talvez a medida mais preocupante para as autoridades de política monetária.

Com os 19 países que compartilham o euro retomando à recessão no último trimestre do ano, o BCE já indicou que vai analisar mais estímulos em sua reunião de dezembro, defendendo a necessidade de novas compras de títulos de emergência e liquidez barata para os bancos, delegando às autoridades somente a responsabilidade de discutir os detalhes da ajuda.

A membro do conselho do BCE Isabel Schnabel e os formuladores de políticas monetárias defendem que a missão é manter as condições de financiamento em seus níveis atuais, e não cortá-las ainda mais.

Mesmo que mercados esperem uma prorrogação de seis meses nas compras de títulos de emergência, Schnabel afirmou que uma extensão mais longa também está em pauta e não é função do BCE atender às expectativas do mercado.

Na reunião da entidade em dezembro, a inflação deve ser o principal ponto de discussão, uma vez que as autoridades têm preocupações crescentes com a chance de uma recessão profunda e prolongada tornar mais permanentes as forças deflacionárias.