Economia
PIB: ‘Resultado do 4T20 veio melhor que o esperado, mas traz riscos para 1T21’, diz BTG
A queda de 4,1% configura a maior contração desde o início da série histórica atual
O BTG Pactual (BPAC11) analisou a queda do PIB (Produto Interno Bruto) no quarto trimestre de 2020, e destacou que o resultado veio melhor que o esperado pelo banco de investimentos. “Entretanto, traz consigo riscos baixistas para o primeiro trimestre de 2021”, disse.
De acordo com o BTG, o PIB cresceu 3,2% no período, acima da mediana das expectativas do mercado (+2,8% t/t). Em termos anuais, melhorou de -3,9% a/a no 3T20 para -1,1% a/a no 4T20, também melhor do que a mediana das projeções do mercado (-1,6% a/a). No acumulado do ano, o dado encerrou em queda de -4,1%, levemente melhor do que o esperado (-4,2%).
“Apesar do bom resultado para o setor industrial (1,9% t/t),o breakdown decepcionou, tendo como único destaque positivo a indústria de transformação, avançando 4,9% t/t. No entanto, construção civil, no qual esperávamos um avanço expressivo, levando em consideração o cenário positivo de juros mais baixos, recuou -0,4% t/t.”, destacou.
E disse mais: “o setor de serviços, principal afetado pelas medidas de isolamento social da COVID-19, avançou em linha com as expectativas (2,7% t/t), continuando a sua recuperação mas mantendo o resultado heterógeno em sua quebra. Adicionalmente, a agricultura apresentou contribuição negativa pelo lado da oferta, recuando -0,5% t/t.”
Cenário
Já o consumo das famílias, ainda impulsionado pelo Auxílio Emergencial, que teve sua última parcela em dezembro de 2020, avançou 3,4% t/t em linha com o esperado.
Os investimentos, por sua vez, avançaram 20% t/t, bem acima do esperado por nós, contudo recuaram -0,8% no ano, quebrando dois anos consecutivos de alta. “Assim, podemos destacar que a demanda doméstica teve forte influência no resultado do PIB do 4T20. Não obstante, o destaque negativo ficou por conta das exportações líquidas (-3,9% no t/t)”, concluiu.
O relatório é assinado pelos analistas Álvaro Frasson, Leonardo Paiva e Luiza Paparounis.
PIB – IBGE
O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil tombou 4,1% em 2020, segundo divulgou nesta quarta-feira (3) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em linha com as expectativas, com a atividade econômica registrando a maior contração desde o início da série histórica atual do IBGE, iniciada em 1996.
“É o maior recuo anual da série iniciada em 1996. Essa queda interrompeu o crescimento de três anos seguidos, de 2017 a 2019, quando o PIB acumulou alta de 4,6%”, informou o IBGE.
Em valores correntes, o Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB) chegou a R$ 7,4 trilhões. Já o PIB per capita (por habitante) em 2020 foi de R$ 35.172, com queda de 4,8% – a maior já registrada em 25 anos.
Considerando a série histórica anterior, iniciada em 1948, o tombo de 4,1% em 2020 foi o maior em 30 anos e o terceiro pior resultado anual da história econômica do Brasil. As maiores retrações já registradas ocorreram em 1981 e 1990, quando houve queda de 4,3% do PIB em ambos os anos.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país e serve para medir a evolução da economia.
Principais destaques do PIB em 2020:
- Serviços: -4,5%
- Indústria: -3,5%
- Agropecuária: 2%
- Consumo das famílias: -5.5%
- Consumo do governo: -4,7%
- Investimentos: -0,8%
- Exportação: -1,8%
- Importação: -10%
- Construção civil: -7%
Entre os principais setores houve alta somente na Agropecuária (2%), enquanto que a Indústria (-3,5%) e os Serviços (-4,5%) tiveram queda. Do lado da demanda, o consumo das famílias despencou 5,5% e os investimentos encolheram 0,8%.
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