Economia
Carteira de crédito mantém trajetória de crescimento e deve se expandir 1,1% em março
Os dados oficiais serão divulgados pelo BC no próximo dia 29
O saldo total das operações de crédito deve seguir em expansão em março, com crescimento mensal de 1,1%. Na visão anual, após acelerar por nove meses consecutivos, o ritmo deve desacelerar, de 16,1% para 14,2%, embora ainda em patamar bastante elevado, revela a Pesquisa Especial de Crédito da FEBRABAN, divulgada mensalmente como uma prévia da Nota de Política Monetária e Operações de Crédito do Banco Central.
Os dados oficiais serão divulgados pelo BC no próximo dia 29 de abril. As projeções da Pesquisa Especial de Crédito da FEBRABAN são feitas com base em dados consolidados dos principais bancos do país, que representam de 39% a 89% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional, dependendo da linha, além de outras variáveis macroeconômicas que impactam o mercado de crédito.
“A expansão da carteira de crédito ainda deverá permanecer em patamar elevado, acima de dois dígitos, mesmo após um ano da decretação oficial da pandemia, em um período de recuo da atividade econômica”, afirma o diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da FEBRABAN, Rubens Sardenberg. “O resultado de março pode ser considerado uma surpresa positiva, sugerindo que a piora da pandemia e a retomada das medidas restritivas na maioria dos Estados, até agora, afetou menos a atividade econômica do que o esperado”, avalia.
Crédito
De acordo com Sardenberg, a desaceleração do crescimento da carteira total de crédito na comparação anual já era esperada e ocorre devido à forte expansão do crédito em março de 2020 (+2,8%), mês em que as primeiras medidas de distanciamento social foram decretadas devido a pandemia da Covid-19, fazendo com que diversas grandes empresas recorressem aos empréstimos bancários para fortalecer seus caixas e enfrentar possíveis problemas de liquidez, elevando substancialmente a base de comparação.
A Pesquisa Especial de Crédito aponta que a carteira Pessoa Jurídica deve apresentar alta de 1,2% em março, um bom resultado para o mês, embora abaixo dos 6,4% registrados em março de 2020. Desta maneira, o ritmo de expansão anual da carteira pessoa jurídica deve desacelerar de 22,9% para 16,8%.
Carteira
A perda de ritmo deverá vir principalmente da carteira livre, que deve recuar de uma expansão de 22,5% para 13,5%, ainda que registrando um bom crescimento no mês (+1,8%). A carteira pessoa jurídica com recursos direcionados, por sua vez, deve ficar praticamente estável em março (+0,1%), refletindo o término dos programas públicos de crédito.
De acordo com o levantamento, a carteira pessoa física deve apresentar alta de 1,1% em março. A surpresa positiva deve vir da carteira livre, que, mesmo com o agravamento da pandemia e o fechamento de quase todos os estabelecimentos comerciais, deverá avançar 1,0% no mês, puxada pelas linhas de crédito pessoal. A pesquisa mostra que a carteira pessoa física com recursos direcionados deverá ter alta mensal de 1,2%, liderada pelo crédito imobiliário, que segue beneficiado pelas baixas taxas de juros.
Concessões
As concessões de crédito devem apresentar crescimento mensal de 29,9% em março, um resultado expressivo, que decorre, em parte, de fatores sazonais, como o maior número de dias úteis no mês na comparação com fevereiro. No entanto, mesmo quando se ajusta pela média de dias úteis (não considerado a antecipação de feriados no mês em várias cidades do país), ainda assim, o resultado é positivo, com alta de 7,3%.
O destaque deve ficar com as operações com pessoa jurídica, com alta mensal de 22,4%, considerando a média de dias úteis. De acordo com a Pesquisa Especial de Crédito, as concessões com recursos livres devem apresentar expansão de 18,1% em março, refletindo uma influência sazonal de linhas relacionadas ao fluxo de caixa, como desconto de duplicatas, recebíveis, antecipação de faturas de cartão e capital de giro.
Concessões
Já as concessões direcionadas devem apresentar uma expressiva alta de 94,1%, mesmo considerando o ajuste por dias úteis. O resultado decorre de uma recomposição em relação ao volume dos meses anteriores, e foi atingido de forma negativa pelo término de programas públicos de crédito, jogando a base de comparação para baixo. No entanto, ainda que a alta se confirme, o volume de concessões por dia útil ficará abaixo do registrado nos últimos meses de 2020, quando os programas públicos ainda estavam em vigor.
Ainda de acordo com o levantamento, as concessões para pessoas físicas deverão recuar 4,2% em março na média de dias úteis, sinalizando um impacto relativamente modesto do agravamento das condições sanitárias sobre o consumo das famílias. A retração deve ser puxada pela carteira com recursos livres (-7,7%), especialmente nas linhas mais relacionadas ao consumo (cartão de crédito à vista, por exemplo). Por outro lado, as concessões com recursos direcionados devem crescer 16,9% (ou 41,5% na série não ajustada), impulsionadas pela demanda ainda aquecida por crédito rural e, especialmente, pelo crédito imobiliário, que segue operando em patamar historicamente alto.
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