Governo sinaliza reajuste de 6,25% do mínimo para 2022

No momento em que inflação corrói a renda dos menos favorecidos, o governo federal sinaliza que pretende elevar o valor do salário mínimo para R$ 1.170 no ano que vem, o que representaria um reajuste de 6,2%, acima da meta inflacionária deste ano, de 5,25%.

Abaixo da estimativa – Entretanto, a majoração ainda fica abaixo da estimativa do mercado para a inflação em 2021, em torno de 7,11%. A proposta deverá ser apreciada, quando da apreciação da peça orçamentária, prevista para ocorrer até o dia 31 de agosto.

‘Descolar basta?’ – A princípio, a intenção governamental seria fazer ‘descolamento da realidade inflacionária’, de modo a permitir ao Executivo uma folga maior, seja para lidar com o teto de gastos, assim como para ganhar espaço para fortalecer programas sociais de alto potencial político-eleitoral, como o Bolsa Família, agora rebatizado de Auxílio Brasil.

Acima da meta – Em outra projeção, o Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) estima que o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) – índice que serve de base ao reajuste do mínimo e a acordos e negociações salariais – poderá atingir 8% no fim do ano, bem acima dos 6,2% apontados pelo governo para a inflação no período.

Correção atrasada – De acordo com a Constituição em vigor, o salário mínimo deveria ser suficiente para garantir a manutenção do poder de compra do trabalhador. Daí a necessidade de manter seu valor real, corrigido pela inflação. Se tivesse acompanhado INPC do IBGE do ano anterior, o mínimo já deveria estar valendo hoje R$ 1.102.