Bancos
Manifesto da Febraban deflagra saída de BB e Caixa da entidade
Instituições públicas entendem que federação ‘não pode ter posição política’
Prova de que a política, com viés eleitoreiro, contaminou de vez a economia é o anúncio feito, em pleno domingo (29), por Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal (CEF), de que pretendem se desfiliar da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), pelo fato de a entidade ‘ter se posicionado politicamente’.
Harmonia contestada – A determinação das duas principais instituições públicas do país – formalmente comunicada, tanto ao ministro da Economia, Paulo Guedes, quanto ao próprio presidente Bolsonaro – ocorre dois antes da publicação, amanhã (31), de manifesto pela Febraban, em que pede ‘harmonia entre os três Poderes’. O manifesto, na verdade, é que precipitou a decisão do BB e da CEF, votada – de forma não revelada – no âmbito de ambas as instituições.
Crítica mal recebida – À medida que o manifesto era discutido, há pelo menos uma semana, a Caixa e BB vinham se posicionando contrárias à orientação da Federação, a qual pregava um ‘alinhamento’ entre os poderes, num momento em que o mandatário tem feito ataques constantes, sobretudo contra o Judiciário. Na avaliação de interlocutores não identificados, ligados às instituições públicas, o manifesto teria sido entendido como “uma crítica à gestão federal, que vem propondo medidas urgentes para que o Brasil seja capaz de superar a pandemia e crie empregos”.
Posição política – O maior ponto de discórdia entre as partes surgiu no trecho específico do manifesto, no qual este destaca a “grande preocupação com a escalada de tensões e hostilidades entre as autoridades públicas”. Como justificativa para o rompimento com a entidade – capitaneada pelo presidente da Caixa, Pedro Guimarães, muito próximo do presidente – os bancos públicos entendem que a Febraban, como representante do setor bancário no País, é privada e ‘não poderia se posicionar politicamente’.
Medidas urgentes – Outro ponto polêmico do manifesto, segundo as instituições públicas, diz respeito às críticas disparadas contra a gestão de Guedes e à política econômica do governo, em que acentua a necessidade de “adoção de medidas urgentes e necessárias para que o país supere a pandemia, gere empregos e reduza carências sociais de amplos segmentos da população”.
Associação pública – O desgaste entre segmentos financeiros públicos e privados atingiu grau mais elevado, a ponto de ser cogitada a ideia de criar uma associação nacional de bancos públicos, embora haja o temor de que a iniciativa suscite questionamentos junto a órgãos de controle, como Tribunal de Contas da União (TCU) e Ministério Público Federal (MPF).
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