Equilíbrio externo e relação entre poderes fecham semana do Ibovespa

O dia seguinte. Vinte e quatro horas depois de viver, literalmente, uma montanha russa de ‘sobe e desce’, pelo mesmo motivo – a tensão política em Brasília – o Ibovespa abre o último pregão da semana (10), sob a expectativa, ainda, dos desdobramentos do 7 de setembro sobre a relação entre poderes, cuja harmonia foi o ‘apelo da hora’ protagonizado pelo presidente, em parceria com um ex. Pelo menos na quinta (9), a estratégia funcionou, mas ainda requer fundamentos para se constituir em uma saída política (e econômica) que destrave e faça andar as reformas no Congresso, em pleno ano pré-eleitoral.

‘Mea culpa’ cola – Após cair até 0,6% na véspera, a bolsa brasileira ‘comprou’ a ‘mea culpa’ (ou pedido de desculpas) presidencial, fechando em alta consistente de 1,72% a 115.360 pontos, e volume financeiro de R$ 38,123 bilhões. O avanço se consolidou no Ibovespa Futuro, concluído em alta de 2,86% a 117.900 pontos, no pregão regular after market.

Azedume continua – A ‘água na fervura’ da temperatura superaquecida na Capital federal – sob a forma de uma nota fake do mandatário, dirigida ao seu desafeto direto no Supremo, agora alvo de elogios por “suas qualidades de jurista e professor” – não deve ter sido ministrada em dose suficiente para cortar o azedume das relações entre poderes, e muito menos retardar um suposto processo de impeachment, caso haja.

Soluções já! – Fora a disputa entre palácios e cortes, o brasileiro não visualiza em Brasília uma gestão que busque soluções para graves problemas de hoje, como o recuo do PIB, crise hídrica e a subida da inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que cresceu 0,87% em agosto, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao projetar uma inflação, acumulada em 12 meses, de 9,68%.

Fora vírus! – Quanto à covid, a média móvel de mortes por Covid em 7 dias no Brasil ficou em 457, patamar 32% abaixo daquele de 14 dias antes, conforme informações são do consórcio de veículos de imprensa.

Ianques avançam – No exterior, os índices futuros ianques avançam nessa sexta (10), a despeito da queda de seus principais índices – Dow Jones (-0,43%); S&P (-0,46%) e Nasdaq (0,25%) – pelo quarto dia consecutivo. Outro indicador de tendência será a divulgação, agora de manhã, dos dados sobre o Índice de Preços ao Produtor (IPP) em agosto, que deverá apontar alta de 0,6% em relação a julho e de 8,2%, no comparativo com igual mês de 2020 (estimativa Refinitiv).

Ásia na alta – Em contraponto, as bolsas asiáticas abriram em alta nessa sexta (10), em que o índice Hang Seng, de Hong Kong, o subiu 1,91% na sexta – após recuar 2% na véspera; o Shanghai composto na China avançou 0,27% e o Nikkei japonês cresceu 1,25%, seguido pelo Kospi, da Coreia do Sul, que avançou 0,36%.

‘Conversa franca’ – O bom momento do mercado asiático decorre de dois fatores principais. O primeiro foi o gesto do governo chinês, que voltou atrás na própria decisão de suspender a aprovação de novos games online naquele país, ao afirmar que pretende ‘desacelerar esse processo’. O segundo remete ao saldo positivo da conversa (a primeira, desde fevereiro) entre os líderes das superpotências Estados Unidos e China, Joe Biden e Xi Jinping, que transcorreu de forma ‘franca’, em que ambos concordaram com a necessidade de ‘evitar que competição entre os países’ descambe em um conflito global.

Europa sobe – Já na Europa, o índice Stoxx 600 – composto pelas ações de 600 empresas de todos os principais setores de 17 países europeus – registrava alta de 0,3%, como reflexo ao bom momento do setor de bens domésticos do ‘velho continente’, apesar do desempenho negativo do setor de telecomunicações local. A exemplo do Federal Reserve (Fed), o banco central americano, o Banco Central Europeu (BCE), já havia anunciada, quinta passada, a intenção de também desacelerar o programa emergencial pandêmico de compra de títulos (PEPP na sigla em inglês). A medida visa controlar a inflação elevada na Zona do Euro, que vive um ciclo de forte crescimento econômico.

Próximos movimentos – Nessa sexta, os mercados continuam focados em descobrir mais indicações sobre os próximos movimentos do Fed, a respeito do ritmo de retirada mensal (R$ 120 bilhões) dos títulos que dão liquidez à economia ianque, medida que também será discutida na reunião da instituição, prevista para o próximo dia 21, que deverá se estender por dois dias.

Sinalização clara – Antes, porém, o presidente do Fed, Jerome Powell, havia informado que estava esperando uma “sinalização mais clara’ do mercado de trabalho, antes de decidir alterar a política da instituição”. O último dado disponível aponta que foram criadas 235 mil vagas em agosto último, bem abaixo do patamar de 1,053 milhão esperados. Apesar disso, o desemprego teve pequeno recuo no país, de 5,4% para 5,2% da população economicamente ativa.

Principais indicadores  

Estados Unidos

*Dow Jones Futuro (EUA), +0,54%
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,4%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,36%

Europa

*FTSE 100 (Reino Unido), +0,37%
*Dax (Alemanha), +0,37%
*CAC 40 (França), +0,3%
*FTSE MIB (Itália), +0,05%

Ásia

*Nikkei (Japão), +1,25% (fechado)
*Shanghai SE (China), +0,27% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), +1,91% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), +0,36% (fechado)

Commodities e Bitcoin

*Petróleo WTI, +1,67%, a US$ 69,28 o barril
*Petróleo Brent, +1,69%, a US$ 72,66 o barril
*Bitcoin, +0,37% a US$ 46.251,96
*Sobre o minério: **Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa de Dalian registram queda de 0,27%, cotados a 732 iuanes, equivalente hoje a US$ 113,7 (nas últimas 24 horas).
USD/CNY = 6,44