Cenário externo positivo e viés da Selic pautam Ibovespa hoje

A abertura do Ibovespa Futuro em alta (0,64%, a 113.175 pontos), nessa quinta-feira (23), já reflete a melhoria do cenário externo, mediante o ‘tom de moderação’ adotado pelo Federal Reserve (Fed) ao programa de retirada dos estímulos bilionários mensais (US$ 120 bilhões) injetados na economia do país, assim como à decisão do banco central ianque, de manter no patamar atual as taxas de juros, conforme declarou, na véspera (22), o presidente da instituição, Jerome Powell, “ao indicar que essa redução (do programa de compra de títulos) poderia começar já em novembro”.

Socorro de Pequim – Também beneficiam as cotações internacionais a decisão do governo de Pequim de intervir, para evitar a falência da incorporadora Evergrande – a segunda maior do gigante asiático – e também o ‘contágio’ da dívida, também bilionária (US$ 300 bilhões) da empresa chinesa, sobre o setor, o que contaminaria a economia mundial.

Futuros em baixa – No mercado de juros futuros brasileiro, por sua vez, o DI para janeiro de 2022 desce quatro pontos-base, cotado a 7,08%; DI para janeiro de 2023 baixa sete pontos-base, a 8,74%, enquanto o DI para janeiro de 2025 encolhe seis pontos-base, a 9,72%, e o DI para janeiro de 2027 varia negativamente em cinco pontos-base, a 10,10%.

Selic precificada – No Brasil, o mercado recebeu com tranquilidade a confirmação de sua própria projeção para a Selic, por parte do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom/BC), que elevou a taxa básica de juros de 5,25% ao ano para 6,25% ao ano, já com a perspectiva de novo aumento de um ponto percentual, na sua próxima reunião.

Viés é o desafio – A única questão que dividiu opiniões no mercado é a que diz respeito ao viés. Embora pareça disposto a manter o receituário gradual de elevação dos juros básicos, o entendimento de alguns analistas é de que essa rota poderá ser alterada. Isso porque o Copom, em seu relatório de ontem (22), assinalou que “o ciclo de aperto (monetário) deve avançar no território contracionista”, ou seja, não haveria restrição para a taxa de juro final.

Ajustes na mira – Confirmando essa ‘impressão’, o comitê acrescenta, no texto, “que os passos futuros poderão ser ajustados, mas que no atual estágio do ciclo, o ritmo de ajuste é o ‘mais adequado’ para assegurar o cumprimento da meta de inflação, o estado da economia e o grau de persistência dos choques”.

Amarração de Guedes – No campo das reformas, destaque para a informação de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, teria ‘amarrado’ a aprovação da PEC dos precatórios, na Câmara, à votação da reforma do Imposto de Renda (IR) no Senado, mesmo com alterações, desde que haja respaldo necessário na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), tendo em vista a aprovação, logo adiante, do novo Bolsa Família ou Auxílio Brasil, jóia eleitoral presidencial.

Janela de R$ 30 bi – Avaliação preliminar do mercado dá conta de que a PEC dos Precatórios negociada abre espaço para uso de R$ 30 bilhões de novas despesas para o Executivo em 2022. Desse montante, a maior parte (R$ 27 bilhões) se destinaria ao novo programa de transferência de renda federal, ficando os R$ 3 bilhões para demais áreas.

Arrecadação federal – Enquanto na agenda doméstica, o governo divulga, no início da tarde, a arrecadação federal de agosto (que deve chegar a R$ 144,7 bilhões, pela previsão da consultoria Refinitiv), nos Estados Unidos, serão conhecidos os novos números de pedidos de seguro-desemprego semanal – previsão de atingir 320 mil, segundo a Refinitiv. Já na Europa, o Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra revela sua decisão sobre a taxa de juros no reino britânico.

Ásia em alta – Embora a solução para o risco de default imobiliário chinês ainda esteja em curso, a bolsas asiáticas abriram, na sua maioria, em alta, após o presidente do Evergrande Group, Xu Jiayin, ter afirmado que a prioridade da empresa “é ajudar gestores de investimentos a compensarem seus produtos”, o que ajudou a turbinar os papéis da incorporadora, que avançaram 17,62% hoje. Na Europa, o índice Stoxx 600 – composto pelas ações de 600 empresas de diversos setores de 17 países do continente – opera em alta de 0,78%.