Economia
‘Sinal verde’ de SEC para fundo de ETF em Bitcoin gera controvérsia
Para analistas, iniciativa visa valorizar mais ativo antes do que após lançamento
Um sinal verde que pode ‘amarelar’ o interesse do investidor. Assim está sendo avaliado, pelo mercado, o lançamento, nos Estados Unidos, de um fundo de ETF em Bitcoin negociado em bolsa, iniciativa vista mais como uma tentativa de valorizar mais o ativo, antes de seu lançamento efetivo, do que depois, quando já estiver disponível par negociação.
SEC com pressa – A celeuma tomou conta do mundo financeiro, depois que a Security Exchange Comission (SEC) – a CVM ianque – admitiu aprovar, “nessa semana e o quanto antes”, o lançamento de um fundo de ETF em bitcoin, o que despertou o interesse imediato pelo mais conhecido ativo digital, à medida que se aproxima o prazo de uma decisão final pela ‘xerife do mercado ianque’.
Sem a senha – A expectativa de demanda desenfreada pelo ativo não é compartilhada por alguns veteranos da indústria, para quem a facilidade de acesso ao criptomercado, se comparada a anos anteriores, não é a senha para uma ‘enxurrada’ de demanda, avalia a chefe da negociação de balcão da Krakem Digital, Juthica Chou.
Variedade expandida – Ela acentua que a “integração para investidores individuais, sobretudo, em varejo e instituições, é hoje mais segura e acessível do que eram as criptomoedas em 2017, por exemplo”. A executiva da Kraken entende que “um ETF, com certeza, será positivo, pois ele expandirá a variedade de interessados na compra de bitcoins e em participarem do ecossistema digital. No entanto, acredito que a medida não será tão impactante como teria sido anos atrás, porque já estamos vendo a demanda institucional”, acrescenta.
Exposição extra – Depois que a pandemia reforçou a fusão do digital ao financeiro, tornou-se comum comprar e vender ativos digitais em bolsas de criptomoedas em todo o globo, usando para isso plataformas normalmente no setor de varejo, como o PayPal e Square. Ao mesmo tempo, investidores institucionais buscam aumentar a exposição das criptomoedas, por meio de alternativas, como é o caso do fundo Grayscale Bitcoin Trust .
Disparada de 80% – Incertezas à parte, o otimismo prevalente fez com que a maior criptomoeda do mundo disparasse para quase US$ 58 mil essa semana, na melhor performance desde maio passado, numa disparada de 80% em relação ao piso de US$ 30 mil atingido no final de julho.
Animação com prazo – A sensação dominante do investidor, contudo, é de que a animação tem hora para acabar, dentro do entendimento que o bitcoin, após ensaiar forte recuperação, pode estar entrando no ‘território de preços muito acima de seu valor real, em seu índice de força relativa de 14 dias”. Outro dado relevante é o fato de que os últimos meses foram marcados por ocorrências de altas e baixas, desde sua estreia – em abril último na Coinbase Global Inc. em bolsa – até o lançamento do bitcoin como moeda legal em El Salvador, em setembro.
Sem certezas – “Boa notícia, mas não seria um ‘divisor de águas’ à essa altura, avalia a CEO da plataforma FRNT Financial Inc., – focada em criptomoedas – Stephane Ouellette, ao explicar que, “basicamente, não tenho certeza se isso (o lançamento do ETF) adiciona muito acesso para investidores que estão tendo dificuldades para entrar neste espaço”.
ETF preferido – Dando o tom institucional ao debate, o presidente da SEC, Gary Gensler, comentou que “os formuladores de políticas talvez estivessem mais abertos a um ETF se ele fosse baseado em futuros em vez da própria criptomoeda”, o prepararia o ‘terreno’ para uma eventual decisão fixada em um prazo para aprovação ou rejeição de futuros baseados em aplicações de ETF.
Desempenho ‘destruído’ – Já para Eric Balchunas, da Bloomberg Intelligence, “mesmo se aprovado, um fundo apoiado em futuros poderia limitar o impacto positivo, pois ETFs vinculados a futuros “não são ideais”. Segundo ele, “o ETF precisa rolar para frente os contratos futuros, o que destrói o desempenho”, ao concluir que “investidores geralmente não gostam de derivativos e muitos consultores não gostam de derivativos”, disse Balchunas no programa “QuickTake Stock”, da Bloomberg. “Um ETF apoiado em moeda física seria um grande catalisador. Vejo isso como um catalisador muito inferior.
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