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Economia

PIB do Brasil retorna a patamar de 2009 com recuo recorde de 9,7% no 2º tri

Na comparação com o mesmo período de 2019, a queda no PIB foi de 11,4%, a mais forte da série iniciada em 1996.

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Com perdas históricas na indústria e no setor de serviços devido causadas pela pandemia do novo coronavírus, o Brasil viu sua economia encolher ao nível recorde de 9,7% no segundo trimestre, em comparação com os primeiros três meses do ano.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) contraiu 2,5% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o trimestre anterior, revisão que o deixa 1,5% abaixo do cálculo feito anteriormente.

Com o início da aplicação de medidas de isolamento contra o coronavírus no final de março, o ápice da queda foi atingido em abril. Contudo, a retomada no ritmo da economia começou com reabertura de empresas e negócios no final do segundo trimestre.

Na comparação anual com o segundo trimestre de 2019, o PIB recuou 11,4%, o que segundo o IBGE representa a mais queda da série iniciada em 1996.

A contração acumulada no primeiro semestre deste ano já está em 5,9% em relação ao mesmo período do ano passado, ainda segundo dados do instituto. Em 2019, o crescimento do PIB foi de 1,1%.

Com o resultado, o PIB no momento está no mesmo nível do final de 2009, quando os impactos da crise global atingiram seu pico.

O IBGE ressaltou ainda que adotou tratamentos específicos seguindo recomendações internacionais para retratar o impacto da pandemia, mas que isso não configura mudança de metodologia. A Covid-19, doença causada pelo coronavírus, já deixou mais de 121 mil mortos e infectou mais de 3,9 milhões no país.

Perdas históricas

A indústria foi, juntamente com a produção, a campeão de perdas no período, com contratação recorde da produção de 12,3% no segundo trimestre sobre o primeiro. Somente a indústria de transformação apresentou perdas de 17,5%, enquanto construção caiu 5,7% e a atividade de eletricidade e gás, água, esgoto recuou 4,4%.

O setor de serviços perdeu 9,7%, com destaque negativo para outras atividades de serviços, que reúne serviços prestados às famílias, com queda de 19,8%. Juntos, indústria e serviços responder por cerca de 95% do PIB brasileiro.

Na contramão desse movimento, a agropecuária, se mostrou praticamente indiferente à pandemia ao registrar crescimento de 0,4%, devido principalmente à produção de soja e café.

Do lado das despesas, a Formação Bruta de Capital Fixo, medida de investimento, despencou 15,4% no segundo trimestre, enquanto as despesas das famílias, que representam 65% do PIB, recuaram um recorde de 12,5% diante do isolamento social.

“O consumo das famílias não caiu mais porque tivemos programas de apoio financeiro do governo. Isso injetou liquidez na economia. Também houve um crescimento do crédito voltado às pessoas físicas, que compensou um pouco os efeitos negativos”, disse Rebeca Palis, coordenadora do IBGE.

“O que puxou para baixo (o consumo das famílias) foi o distanciamento, mas os programas de apoio às pessoas e às empresas minimizaram isso”, continuou. “Certamente sem os programas de apoio a queda do PIB seria maior.”

Por sua vez, as despesas do governo recuaram 8,8%, o que se deu, de acordo com a coordenadora do IBGE, porque apesar do foco na Covid houve uma redução na demanda para demais doenças, além de cirurgias eletivas e outros atendimentos.

Retorno

O esforço agora é para para retornar a economia brasileira aos níveis pré-pandemia de fevereiro, embora ainda inspire cautela principalmente quanto ao mercado de trabalho.

Nesta terça-feira, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o movimento já começou. “A economia já começa retomada em V. (O resultado do segundo trimestre) é um som distante, é o som do impacto da pandemia lá atrás”.

Os ganhos recentes mostrados em indicadores de atividade vêm na esteira de medidas de estímulo, como aumento do crédito, programa de proteção ao emprego e o auxílio emergencial de 600 reais mensais, bem como a flexibilização monetária. Nesta terça-feira, o governo anunciou a extensão do auxílio, confirmando que o valor que será pago até o final do ano será de 300 reais mensais.

“O terceiro trimestre vai ter efeito de vários fatores. Se por um lado o auxílio será menor, por outros a flexibilização e o nível de atividade são outros (fatores)”, apontou Palis.

Enquanto a retomada está mais claro nos setores de indústria e no varejo, os serviços – setor que mais sofreu com o isolamento social – ainda sofre para alcançar algum avanço.

“O PIB do IBGE não tem como ser calculado mensalmente, mas olhando para as pesquisas conjunturais dá para perceber que os piores meses foram abril e maio e que já houve sinais de melhora em junho”, acrescentou a coordenadora do IBGE.

A estimativa do governo para a contratação do PIB neste ano é 4,7%, resultado que o deixaria no patamar de pior resultado da série história que começou em 1900. Já em 2021, a previsão é de crescimento de 3,2%.

Mas o mercado, que vem revisando para cima suas projeções para o PIB, apontou na mais recente edição da pesquisa Focus que ele deve recuar 5,28% em 2020 e crescer de 3,50% em 2021.

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