Economia
Privatização da Petrobras e PEC dos Precatórios pautam terça do Ibovespa
Resposta política à alta dos combustíveis e votação de títulos de dívida federais pressionam cotações
Tal como videogame que sujeita o usuário a mais um desafio, assim é a tarefa do investidor brazuca, agora às voltas com a precificação do risco da privatização, a qualquer tempo e hora, da maior empresa brasileira, a Petrobras, alinhada à flutuação internacional do petróleo, mas em desacordo com os objetivos eleitoreiros do presidente. É como um retorno ao passado, em que o intervencionismo estatal era regra e não a exceção.
Cadê o estudo? – O caráter essencialmente político da proposta palaciana, porém, é evidenciado no momento em que a diretoria da Petrobras questiona seu controlador a respeito de um estudo prévio, como deveria ser, a respeito da desestatização da hoje superavitária estatal.
Espaço aberto – Também, nesse caso, está aberto o espaço para a realização de lucros (pressão de venda) com os papéis da petrolífera, na sessão dessa terça-feira (26), de grande peso sobre o Ibovespa, que observa os índices futuros ianques em decolagem, por conta de ganhos substanciais por parte das big techs (empresas de tecnologia norte-americanas) e perspectivas positivas para os números da UBS (grupo global de serviços financeiros) no terceiro trimestre do ano (3T21).
EUA vão bem – Esse desempenho positivo do mercado ianque pode ser medido pelo avanço do Dow Jones – mediante a capitalização de US$ 1 trilhão da Tesla, empresa de tecnologia, cujos papéis subiram 12% na segunda (25) – além da alta de 0,9% da Nasdaq. Nessa terça (26), é a vez de divulgação de resultados pela Alphabet, Microsoft, 3M, General Electric, UPS e Visa.
Pequim ataca de novo – As bolsas asiáticas, por sua vez, apresentaram resultados variados, nessa terça (27), com destaque para o crescimento acanhado do PIB da Coreia do Sul, que avançou somente 0,3% no 3T21, em relação ao trimestre anterior. Já em Hong Kong, ações do setor imobiliário acusam quedas, após o governo de Pequim lançar nova ameaça, agora sobre os proprietários de imóveis.
Stoxx 600 sobe – Na Europa, o Stoxx 600 – índice que abrange 600 empresas de todos os setores econômicos, de 17 países europeus – opera em alta moderada de 0,6%, com destaque positivo no setor de viagem e lazer, mas adverso para o de petróleo e gás. Na área das commodities, o momento é favorável para o minério de ferro, na Bolsa de Dalian (China), enquanto o petróleo tipo brent opera em leve queda, com o barril beirando os US$ 86.
IPCA-15 de dois dígitos – No caso tupiniquim, a agenda do dia inclui a divulgação do IPCA-15 deste mês (previsão de alta de 0,97%, para setembro, ante uma variação anual de 10,09%, pelo consenso Refinitiv); divulgação de dados do Caged (previsão de criação de 367.409 vagas, pela mesma consultoria); Receita Federal divulga, à tarde, dados de arrecadação de setembro; Banco Central (BC) divulga dados sobre a dívida pública no mês passado e também tem começa a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em que o mercado projeta uma alta de 1,5 ponto percentual da Selic (taxa básica de juros), que passaria a 7,75% ao ano.
Testa de programa – Testa de ferro do Executivo, o presidente da Câmara, Arthur Lira, além de defender com entusiasmo a aprovação da PEC dos Precatórios – que deverá ir à votação nessa terça (26) – como meio de viabilizar o programa social eleitoral Auxílio Brasil (R$ 400 de ‘benefício’ por família), aproveitou para cutucar o vizinho Senado, criticado por não ter votado logo a reforma do Imposto de Renda.
Programa ‘provisório’ – “A expectativa é que a Casa tem que dar um jeito nessa situação, nós temos que discutir a fundo, se precisar alterar no plenário, se precisar modificar alguns pontos, nós alteraremos, mas é imperativo que se aprove a PEC para resolver o problema dos precatórios inicialmente e depois a criação de um programa provisório haja vista que o Senado não se debruçou até hoje sobre o imposto de renda”, argumentou.
‘Patinho feio’ – Replicando a posição, também eleitoreira, de seu chefe palaciano, Lira entoou o mantra de que a culpa do ICMS (leia-se, dos governadores) pelas altas sucessivas dos combustíveis, ao eleger o tributo como o “patinho feio da história”, numa segunda (25) em que a Petrobras anunciou mais um aumento do preço do diesel e da gasolina nas refinarias – para R$ 3,34 e R$ 3,19 respectivamente, a partir de hoje (26).
Perdas de R$ 24 bi – Por parte dos governadores, a grita é que a proposta federal, de unificação do ICMS deverá implicar perdas de até R$ 24 bilhões em arrecadação para os estados. Outra pressão vem dos, até então, aliados de última hora caminhoneiros, que prometem uma paralisação efetiva 1º de novembro próximo, véspera de Finados, marcando o ocaso do governo.
Paralisação inevitável – Dando o tom de disposição da categoria, já em estado de greve, o presidente a Frente Parlamentar Mista em Defesa do Caminhoneiro Autônomo e Celetista, deputado Nereu Crispim (PSL-RS), acentuou ser “inevitável (a paralisação), não porque apoie, porque sei dos problemas decorrentes de uma paralisação, mas também não se pode furtar o direito, garantido na Constituição, de eles (caminhoneiros) reivindicarem melhores condições de trabalho, porque realmente está muito difícil”, explicou o parlamentar. Entre as principais reivindicações das 60 lideranças de 22 estados, estão o piso mínimo de frete; aposentadoria especial; unificação de documentos fiscais, além da discussão de temas como o Preço de Paridade de Importação (PPI).
Isenção aumenta – Com o intuito de viabilizar a reforma do Imposto de Renda (IR) no Senado, o relator da matéria, senador Angelo Coronel (PSB-BA) adiantou que pretende deixar em separado para votação, ainda este ano, da parte referente à correção da tabela do IR. A estratégia é de estender, de R$ 1,9 mil para R$ 3 mil, o patamar de isenção, quando da vigência da nova tabela do IR, em janeiro de 2022.
Principais indicadores
Estados Unidos
Dow Jones Futuro (EUA), +0,32%
*S&P 500 Futuro (EUA), +0,42%
*Nasdaq Futuro (EUA), +0,65%
Europa
*FTSE 100 (Reino Unido), +0,68%
*Dax (Alemanha), +0,97%
*CAC 40 (França), +0,58%
*FTSE MIB (Itália), +0,53%
Ásia
*Nikkei (Japão), +1,77% (fechado)
*Shanghai SE (China), -0,34% (fechado)
*Hang Seng Index (Hong Kong), -0,36% (fechado)
*Kospi (Coreia do Sul), +0,94% (fechado)
Commodities e Bitcoin
*Petróleo WTI, -0,37%, a US$ 83,48 o barril
*Petróleo Brent, -0,28%, a US$ 85,74 o barril
*Bitcoin, +0,01% a US$ 62.737,49
*Sobre o minério de ferro: **O minério negociado na bolsa de Dalian teve alta de 3,03%, a 714,5 iuanes, o equivalente a US$ 111,95.
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