Finanças
Juros altos e aversão ao risco ‘detonam’ aplicações de renda fixa
Enquanto o Ibovespa encolheu 9,5% este ano, o tesouro prefixado ‘tombou’ 17,7%, no mesmo período
O cenário de forte instabilidade e aversão ao risco tem afetado duramente as aplicações de renda fixa, entre as quais, o Tesouro Direto (TD), cujos prejuízos acumulados superam, até mesmo, aqueles apurados pelo Ibovespa – principal índice de ações da B3.
Superando a bolsa – Como comparação, desde o início do ano, enquanto a bolsa brasileira acumula perdas de 9,5%, enquanto no caso do tesouro prefixado com juros semestrais, com vencimento para 2031, o recuo chega a 17,7%, em igual período. Outro exemplo são os prefixados com cupons semestrais para 2029 e 2027, com retornos negativos de 16,2% e 13,5%, respectivamente. A exceção fica para os prefixados mais curtos, com vencimento para o ano que vem, que renderam de 0,5% a 1,6%.
Retorno negativo – Para aqueles com rendimento baseado em IPCA+ mais longos, o retorno também é negativo, como é o caso dos IPCAs+ 2050 e 2055, com perdas acumuladas de -9,9% e -11,5% no ano, respectivamente.
Vencimentos mais curtos – Já entre papéis de vencimentos mais curtos, para 2022 a 2024, a performance melhora, pois as rentabilidades passam a positivas, entre 0,8% e 5,5%, respectivamente, com um detalhe de que esses títulos são pós-fixados, ou seja, pagam a variação da inflação, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), acrescido de uma taxa prefixada.
Resgate no prazo – Em geral, nesse título de aplicação, é recomendável ‘levar’ os prefixados ou IPCAs+ até o prazo combinado na contratação para fazer jus à rentabilidade integral, estabelecida no ato da compra. Se, no entanto, preferir antecipar o resgate, o investidor ‘estará sujeito às leis do mercado’, ou seja, pode sofrer prejuízos.
Economia é referência – Para esses títulos, as taxas variam conforme a situação econômica do país. Quanto pior ela estiver, maior rentabilidade será auferida por essas aplicações, que ficam a reboque das perspectivas de ganhos, com base em juros e inflação mais elevados no futuro.
Dívida voraz – Como num ciclo vicioso que se retroalimenta, o governo concede mais prêmio aos seus títulos, de modo que os investidores passam a financiar a dívida pública, crescente como o risco-país, ou o risco de um calote pelo país. É uma aposta na alta dos juros e contra a economia, vendo de outra maneira.
Menor rentabilidade – Outra regra importante é que, quanto maior a rentabilidade prefixada pelos títulos novos, menor será o dos antigos, no mercado secundário – onde compra e venda de ativos ocorre sem a participação da instituição emissora dos papéis.
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