Economia
Em tentativa solitária, aéreas dos EUA buscam acabar com taxa para remarcação de passagem
Concorrentes estrangeiras temem que as tarifas mais altas pagas por viajantes premium sejam afetadas pela suspensão das taxas.
As companhias aéreas americanas estão suspendendo taxas para alterar passagens, comprometendo bilhões de dólares para tentar reanimar a demanda por viagens aéreas. O movimento é solitário, já que as concorrentes estrangeiras temem que as tarifas mais altas pagas por viajantes premium sejam afetadas por esse movimento radical.
Precificar passagens com preços baixos e cobrar por mudanças era um dos elementos centrais do manual da companhia aérea, mas foi enfraquecido pela crise do coronavírus. Geralmente, quem paga mais caro por isso são os passageiros de negócios, que demandam mais flexibilidade.
John Zhang, professor de marketing na Universidade da Pensilvânia, falou sobre a eliminação das taxas. “Para que o modelo de taxas funcione, você precisa ter um passageiro que vale a pena”. Segundo ele, as companhias aéreas podem em breve “reduzir outras taxas também”.
As companhias norte-americanas ganharam no ano passado 2,8 bilhões de dólares, ou 1,1% da receita, com cancelamentos e taxas de alteração, apontam dados do Citi.
A mudança ocorre no momento em que o tráfego de passageiros dos EUA e da Europa está mais de 80% abaixo dos níveis de 2019, apontam dados de julho do órgão global da indústria Iata, com a Ásia-Pacífico caindo 72%.
As tarifas para viagens domésticas foram suspensas nos últimos dias pela American Airlines , Delta Air Lines e United Airlines, e em seguida pela Alaska Airlines.
“É uma perda de receita, mas a aposta é que isso vai conquistar clientes”, afirmou Carlos Ozores, consultor do ICF.
Mesmo com a suspensão das taxas de alteração durante a pandemia em todo o mundo, as companhias de fora dos EUA ainda oferecem resistência a fazer disso uma política permanente.
Enquanto a Lufthansa disse que encerrará o movimento até dezembro, a Air France-KLM ainda não definiu data para retomar as taxas, mas declarou que é improvável que as tornem perenes.
Não há planos de mudanças duradouras nas taxas para as áreas de baixo custo EasyJet e Ryanair.
A Qantas Airways Ltd da Austrália também rejeitou sugestões de que as concessões temporárias poderiam permanecer.
Dessa forma, o retorno das taxas pode ficar quase impossível no fim do ano, e só vai ficar mais difícil à medida que consumidores se acostumam a viver sem elas, apontam analistas.
Para o analista do Citi, Mark Manduca, muita coisa pode depender de uma consolidação no setor, reduzindo a concorrência em alguns mercados à medida que as aéreas mais fracas encolhem.
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