Sucesso de ‘carros voadores’ leva EVE à Bolsa de Nova Iorque (NYSE)

Em sinalização clara ao mercado de que pretende expandir os negócios nesse novo e revolucionário nicho de mercado, a Embraer (EMBR3), anunciou, terça-feira última, possuir um acordo para levar sua startup de “carros voadores” para Bolsa de Nova Iorque (NYSE) no próximo ano.

Transformações tecnológicas – Após o ‘divórcio’ com a Boeing, em 2020, o mercado questionava qual seria o horizonte da principal fabricante de aeronaves do país, que agora começa a ficar mais claro, à medida que a indústria aeronáutica, em termos globais, passa por profundas transformações tecnológicas, aceleradas com o advento da pandemia e a maior digitalização da economia.

Inclusão na NYSE – Avaliada em US$ 2,9 bilhões, a EVE, no momento, se prepara para sua inclusão na listagem de ações da NYSE, ocasião que coincidiu com a expectativa do mercado financeiro, cada vez mais focado em alternativas de mobilidade que impliquem zero emissões de poluentes, a exemplo dos veículos elétricos de decolagem e pouso vertical (eVTOLs , na sigla em inglês),

Acordo estratégico – A inovação acabou chamando a atenção da companhia com propósito específico de aquisição (Spac, na sigla em inglês) Zanite, que nesta terça (21) fechou acordo definitivo com a EVE para combinação de negócios, com a Embraer permanecendo como acionista majoritária, mediante participação em torno de 82%

Carteira de US$ 5,2 bi – Como resultado, surge uma nova empresa, já turbinada com uma carteira de aproximadamente US$ 5,2 bilhões, que correspondem a 1.735 pedidos de veículos e 17 clientes, como operadores de asa fixa e helicópteros, locadores de aeronaves e parceiros de plataforma de transporte compartilhado.

Aposta em startups – Para o especialista em mobilidade e diretor da Bright Consulting, Murilo Briganti, a tendência atual do mercado “é de apostar em startups está acontecendo em diversas indústrias, como é o caso da automotiva, uma vez que a revolução tecnológica está a todo vapor e as montadoras têm que se adaptar. São os mais receptivos a mudanças que sobrevivem”, sentencia, ao ressaltar que “movimentos tecnológicos ousados não são uma particularidade dos grandes fabricantes e, por isso, as montadoras apostam em startups para inovar em seus produtos”.

Tecnologia de disrupção – O melhor de dois mundos. Assim o vice-presidente de engenharia, tecnologia e estratégia da Embraer, Luiz Carlos Affonso, classifica a característica principal da EVE. “A EVE traz tecnologia de disrupção e a experiência da Embraer. Nós estamos contribuindo com propriedade intelectual, ciência e acesso a nossa engenharia, além do suporte de 5.000 funcionários da Embraer”.

Ebitda positivo – A estimativa da Embraer é de que a EVE chegue a 2030 com uma receita em torno de US$ 4,5 bilhões, correspondentes a 1.117 unidades (15% do mercado de Evtol), além de Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) positivo em 2027, de aproximadamente US$ 840 milhões do indicador em 2030, com margem de 19%.

Investidores de peso – Entre o grupo de investidores estratégicos da EVE, destaque Bradesco BBI, Rolls-Royce, Falko Regional Aircraft, Republic Airways, SkyWest, Azorra Aviation e BAE Systems.

BCA com Zanite – A previsão é que, no segundo trimestre do ano que vem (2T22), deverá ter início a negociação das ações da EVE na NYSE.  “Esse é o prazo que estimamos para concluir a aprovação do processo (de abertura de capital). Agora estamos assinando o que chamamos de BCA, business cooperation agreement, com a Zanite (sócia da Embraer no projeto)”, afirmou o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto.