Embrapa desenvolve novo ciclo de arroz que consome até 8% menos água

Pesquisadores da Embrapa desenvolveram uma variedade precoce de arroz que usa menos água, é menor e mais resistente ao acamamento. A BRS A705 chega em sistemas de irrigação com alta produtividade e qualidade de grãos de até dez toneladas por hectare.

As novas variedades são moderadamente resistentes às principais doenças que afetam o arroz, reduzindo o número de fungicidas usados nas lavouras. Dependendo do clima e do manejo, talvez nem precise de agrotóxicos. O tamanho é de cinco a dez centímetros menor que as plantas tradicionais, e o ciclo no Rio Grande do Sul é de aproximadamente 120 dias.

O uso de variedades com diferentes ciclos permite que os produtores de arroz semeiem na janela mais adequada, o que é muito limitado nas regiões orizícolas. Essa prática também facilita a colheita escalonada para que os grãos sejam colhidos dentro de uma faixa designada para maximizar a qualidade industrial, com baixa porcentagem de grãos moles e grandes quantidades de grãos inteiros.

Por outro lado, embora isso seja desejável do ponto de vista técnico, os produtores de arroz só usarão variedades de ciclo precoce se as cultivares disponíveis tiverem alto potencial produtivo.

De acordo com o pesquisador do Núcleo Temático de Grãos da Embrapa Clima Temperado, Élbio Treicha Cardoso, poderá haver alguma redução de produtividade, devido ao ciclo menor. “Mas isso pode ser compensado pela redução dos custos de irrigação, na comparação com cultivares de ciclo mais longo, as quais tendem a ser mais produtivas na comparação com as de ciclo mais curto”, afirma.

Além disso, a menor demanda de quantidade de água para sua produção em função do ciclo precoce é outro ponto que chama atenção na BRS A705. Segundo o cientista da Embrapa, “em média, há uma redução em torno de 8% na demanda de água, tendo como referência uma cultivar de 130 dias de ciclo, da emergência à maturação. Essa economia de água, com elevada produtividade, colabora para a redução de custos, pois, além de menos água utilizada haverá menor demanda de energia para a irrigação, o que ocasiona melhor exploração dos recursos hídricos e energéticos disponíveis”.