Venda de ativos da Oi poderá render R$ 13 bi à TIM, Vivo e Claro

Um potencial de retorno de investimento em torno de R$ 13 bilhões. É o que estima estudo desenvolvido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), divulgado esta tarde (15) pelo grupo Broadcast, sobre os efeitos do fatiamento das redes móveis da Oi, entre seus novos detentores, as operadoras da TIM, Vivo e Claro.

Análise da Anatel – Apesar de não contarem com auditoria interna, os números declarados pelas teles passaram por uma análise própria da Anatel, pela qual os ganhos das operadoras estariam assim distribuídos: TIM (R$ 8 bilhões); Vivo (R$ 4,9 bilhões) e Claro (R$ 270 milhões).

Ganhos exponenciais – Os ganhos exponenciais da atividade estão relacionados com a transferência de ativos, como a massa de clientes, com as correspondentes antenas e radiofrequências da Oi. De posse desse acervo financeiro-tecnológico, as teles poderão elevar receitas; reduzir investimentos previstos para a ampliação das próprias redes; corte e diluição de custos com a manutenção de operações diárias.

Lance compatível – Pouco maior do que montante potencial de ganhos, estimado em R$ 13 bilhões, foi o lance de R$ 16,5 bilhões das teles pelas redes móveis da Oi, que também mobilizaram um aparato jurídico incumbido de apenas um objetivo: convencer as autoridades regulatórias e concorrenciais a aprovarem a transação que, na prática, vai aumentar ainda mais a concentração do mercado em poucos participantes, além de riscos de aplicar de reajustes nos planos de celular.

Anuência prévia – O entendimento da Anatel – em decisão unânime dos conselheiros da autarquia – foi no sentido de conceder ‘anuência prévia’ ao negócio, “enquanto o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ainda não emitiu aval sobre a operação – votação dividida de seus membros.

TIM lidera – Com a conclusão do negócio, a maior ganhadora é a operadora italiana TIM, que passa a deter a maior parte dos ativos da Oi, o que lhe permitirá obter sinergias de até R$ 8 bilhões, até 2030.

Incorporadora de radiofrequências – Mas atingir essa cifra, a TIM trabalhará na incorporação de radiofrequências, cujo potencial negocial mais interessante é a possibilidade de aumentar a qualidade e a cobertura do sinal, e os ganhos, em consequência.

Acordos de compartilhamento – Por possuir menos radiofrequências que as concorrentes-parcerias Vivo e Claro, a TIM terá de celebrar acordos de compartilhamento de redes, de modo a prestar o serviço aos consumidores. Na avaliação de especialistas, a iniciativa da TIM recupera sua capacidade competitiva.

Economia importa – O corte de investimentos na construção de sites – pontos que abrigam antenas, cabos e outros equipamentos de telecomunicações – é outro importante de economia da operadora italiana, qie pretende expandir em 60% sua malha própria de sites, até 2026, de modo a atender o tráfego crescente de dados. No que toca à incorporação de sites da Oi, a demanda será reduzida para 47%.

Integração de estruturas comerciais – Pertencente ao grupo espanhol Telefônica, a Vivo projeta novas sinergias, com base nos ativos da Oi, de R$ 5 bilhões, o que inclui a integração de estruturas comerciais (publicidade, atendimento a clientes e aquisição de conteúdo); redução de custos de sistemas de TI e ganhos de receita adicional com novos clientes.

Enxugamento de infraestrutura – Assim como a TIM, outra parte dos ‘ganhos’ decorre do enxugamento da infraestrutura, uma vez que parte dos ativos recebidos da Oi se encontra em áreas já cobertas, que poderão ser remanejadas ou desligadas, o que propicia economia à companhia, por meio do aluguel de postes, manutenção e energia elétrica. Pelas suas previsões, nos próximos dez anos, deixarão de ser construídos pelo menos 3 mil novos sites.

Ganhos de escala – ‘Particularmente oportunas’. Assim é definida pela Vivo a chegada de novas tecnologias, como é o caso do 5G, que se caracterizaria pela “premência de obtenção de ganhos de escala ante à janela de investimentos intensivos”.

Ampliação da cobertura – Do grupo mexicano América Móvel, a Claro foi comedida em fornecer projeções para o seu negócio, que não vai dispor de radiofrequências da Oi, mas estimou em R$ 270 milhões, a ‘economia de custos’, por meio da cobertura de 317 localidades, hoje atendidas pelas Oi, além de 4.7 mil sites da companhia arrematada. A estratégia aqui seria a ampliação da cobertura, por meio do uso da infraestrutura decorrente da ‘transação combinada com as radiofrequências próprias”.

‘Ganhos de eficiência operacional’ – Documento assinado por oito técnicos da Anatel reconhece que a divisão da rede móvel da Oi entre as três teles citadas proporcionaria ‘ganhos de eficiência operacional e financeira relevantes’, a despeito de também ‘gerar concentração de mercado’. Para eles, o lado positivo da operação é a possibilidade de ‘oferecer maior bem-estar ao consumidor (maior capacidade de tráfego, cobertura e funcionalidades) do que estava sendo prestado pela Oi, ‘desde que mantido o ambiente de rivalidade’.

Faturamento estagnado – Ante um setor de telecomunicações brasileiro marcado por contrastes, como volume crescente de tráfego de dados, mas quantidade de usuários e faturamento estagnados, a missão primeira das teles é obter ganhos de eficiência como ‘via principal’ para o aumento da rentabilidade das empresas.

Redefinição de cenário – De acordo com relatório assinado pelos analistas Carlos Sequeira e Osni Carfi, do BTG Pactual, “a transação irá redefinir o cenário brasileiro de telecomunicações nos próximos anos, levando a um ambiente competitivo mais racional e, potencialmente, aumentando o retorno geral do setor”.