Bancos
Alta da Selic não deve ‘esfriar’ demanda por crédito
Para analistas, ainda há espaço para ampliar oferta de recursos ao mercado
A despeito da queda do saldo de empréstimos, em nove dos 27 setores pesquisados pelo Banco Central (BC), de janeiro a julho deste ano, em relação a igual período de 2020, analistas sustentam que ainda há espaço para o crescimento do crédito bancário.
Essa tendência positiva da oferta de recursos pelo sistema financeiro se mantém, mesmo que alguns tomadores de empréstimo já estejam suportando taxa de juros mais altas, a reboque dos reajustes seguidos da taxa básica de juros (Selic), hoje em 5,25% ao ano, mas com previsão de superar 7% ao ano, no final de 2021.
Saldo recua – De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de junho, a previsão do BC para este ano, no que toca ao saldo de crédito bancário disponível a empresas, é de um avanço de 8%, bem inferior aos 21,8% verificados em 2020. Nova projeção da autarquia deverá ser divulgada este mês.
Demanda aumenta – Com a reabertura da economia, a tendência é de que os segmentos de bares, hotéis e restaurantes demandem mais crédito, visualiza o economista-chefe da divisão econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), Carlos Thadeu de Freitas, ao estimar um crescimento de 5,8% e 4,8% para o setor de serviços e comércio, respectivamente.
Freio da Selic – Ao pontuar que “é o crédito que sustenta nosso crescimento”, Freitas destaca que os empréstimos atualmente concedidos pelo Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) têm contemplado, em especial, as menores companhias do setor. O economista-chefe admite, porém, que a alta da Selic (projetada pela entidade, entre 7,5% e 8% ao ano no final de 2021) poderá ‘frear’ o dinamismo da oferta de crédito para o setor. O entendimento é de que esse patamar de taxa é próprio para permitir o máximo crescimento da economia sem que a inflação dispare.
Fim de ciclo – O recuo dos primeiros sete meses deste ano, apresentado pelo estudo da autoridade monetária – que inclui a agropecuária, indústria, serviços e transportes – marca o fim de um período constante de crescimento do saldo registrado em 2020, quando houve forte expansão do crédito, em praticamente todos os segmentos da economia.
Incerteza pesou – O fenômeno do ano passado, para o economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas, refletiu a incerteza da época quanto aos rumos da economia, “diante de uma pandemia cuja duração ninguém sabia qual seria”.
Serviços lideram – Setor com maior participação no Produto Interno Bruto (PIB), os serviços tiveram expansão de 4,5% no saldo de empréstimos bancários, em igual período da pesquisa, contabilizando um montante superior a R$ 1 trilhão. Nele, apenas dois segmentos tiveram recuo em relação aos empréstimos, caso da administração pública (0,6%) e demais serviços prestados às empresas (consultoria, apoio administrativo e vigilância), a queda chegou a 30,8%, em contraste com as altas nos serviços financeiros (42,4%) e no comércio (10%).
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