Americanas (AMER3): CVM abre processos e empresa já tem comitê de investigação

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu hoje dois processos administrativos para investigar a Americanas (AMER3), após a varejista ter anunciado na noite da véspera que encontrou “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões.

O órgão regulador sinaliza que um dos processos tem como alvo a própria contabilidade da companhia, enquanto o outro vai tratar do anúncio do fato em si.

Já a Americanas informou hoje que Otávio Yazbek, Vanessa Claro Lopes e Pedro Melo formarão o comitê independente encarregado de apurar as inconsistências.

Também disse que o comitê iniciará as atividades “com a maior brevidade possível”.

Por fim, as debêntures da companhia estão sendo negociadas no mercado secundário a 50% do valor que tinham ontem.

Segundo o Vaoor Econômico, apesar da expectativa de um dia sem negociações, já que a conciliação dos interesses de vendedores e compradores seria mais difícil em um momento de muita incerteza após a divulgação das “inconsistências contábeis” pela companhia, alguns negócios foram fechados, ainda que em volume mais baixo.

A queda de 50% no preço é considerada razoável e já era esperada, segundo gestores ouvidos pelo jornal. Hoje, os bônus são cotados a 33% do valor de face para compra e 43% do valor de face para a venda. Ontem, a relação era de 65% do valor de face para compra e 67% para venda.

Americanas (AMER3): o caso

Ontem, conforme noticiado pelo Capitalist, a Americanas detectou inconsistências em lançamentos contábeis.

São incoerências redutoras da conta fornecedores realizados em exercícios anteriores, incluindo o exercício de 2022.

“Numa análise preliminar, a área contábil da companhia estima que os valores das inconsistências sejam da dimensão de R$ 20 bilhões na data-base de 30 de setembro de 2022. A companhia estima que o efeito caixa dessas inconsistências seja imaterial”, explicou.

Impactos

Também disse que neste momento não se pode determinar todos os impactos de tais inconsistências na demonstração de resultado e no balanço patrimonial da companhia.

“Entre as inconsistências mencionadas acima, a área contábil da companhia identificou a existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem acima, nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta fornecedores nas demonstrações financeiras de 30 de setembro de 2022”, disse.