Economia
Após avançarem 1,9% em setembro, vendas do varejo ‘despencam’ 2,8% em outubro
Devido à instabilidade, segmento prevê que 2023 deverá apresentar um final ‘desafiador’
Sinal de instabilidade do setor, as vendas do varejo brasileiro, após experimentarem avanço de 1,9% em setembro, ‘despencaram’ 2,8% em outubro, aponta o Índice de Atividade Econômica Stone Varejo, ao observar recuo de igual magnitude, no comparativo mensal ajustado, ante alta de 0,7%, também em setembro. Para a montagem do índice, são contabilizadas operações via cartões, voucher e Pix realizadas no grupo StoneCo.
Entre os setores pesquisados, o segmento de livros, jornais, revistas e papelaria é o que apresentou maior queda no mês passado (-9,1%), seguido dos hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-6,7%); vestuário e calçados (-6%); artigos farmacêuticos (-1,6%); móveis e eletrodomésticos (-0,6%); e material de construção (-0,4%).
Enquanto os maiores recuos foram observados nos estados do Amapá (-23,3%), Sergipe (-10,5%), Alagoas (-9,4%), Santa Catarina (-7,7%), Rio Grande do Sul (-7,3%) e Mato Grosso (-6,7%), as maiores altas ocorreram no Pará (+2,9%), Tocantins (+2,8%), Mato Grosso do Sul (+1,2%) e Piauí (+0,5%).
Uma perspectiva ‘desafiadora’ para o fechamento deste ano. É o que prevê o pesquisador econômico e cientista de dados da Stone, Matheus Calvelli, ao admitir que a tendência mais recente exibida pelos segmentos que compõem o índice demandou a necessidade de trocar o ‘cenário de melhora’ para o de “estabilidade, mas com cautela”.
“O fato é que o ciclo de inflação alta seguida de juros altos afetou muito o poder de compra das famílias. Não à toa, o nosso indicador apontou para resultados abaixo dos níveis de 2022 quase o ano inteiro. Esse comprometimento da renda não se resolve tão rápido assim”, admitiu Calvelli.
Ao acentuar que o índice é uma representação mais próxima do cenário dos clientes da empresa, que são, em sua maioria, pequenos e médios empreendedores, o economista e cientista de dados da Stone comentou que estes, “portanto, vivenciam o mercado de forma um pouco diferente do que os dados macro podem sugerir”.
De acordo com dados da Linx – braço de dados para o varejo da Stone – a tendência é de crescimento da Black Friday para este ano, uma das principais datas para o comércio, cuja retirada em loja cresceu 41% em 2022, em relação ao ano anterior, o que representou 20% dos pedidos.
Igualmente em elevação, as vendas digitais aumentaram 22% no ano passado, ao passo que o fluxo nos sites de e-commerce aumentou 339%, ante o restante do ano passado, com perspectiva de expansão.
Na mesma ‘toada’, espera-se incremento de demanda por aplicativos dos supermercados, que subiram 15% em 2022. No geral, as vendas no Black Friday devem contar com a aplicação de descontos mais agressivos, por conta do nível elevado de estoques do varejo.
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