Após liderar ranking global de dividendos de 2022, Petrobras sai da lista de maiores pagadores

Após liderar o ranking global de pagamento de dividendos em 2022, a Petrobras (PETR3, PETR4) sequer apareceu na lista das maiores pagadoras deste ano, de acordo com a nova edição do Janus Henderson Global Dividend Index.

Depois de se manter no ‘topo’ dos maiores pagadores do planeta, até o ano passado, a petroleira efetuou um corte profundo no volume de dividendos a serem distribuídos, que chegou a 44%, no segundo trimestre deste ano, já levando em conta ajustes cambiais, dividendos especiais não recorrentes e demais fatores técnicos.

Dessa forma, os dividendos trimestrais ‘despencaram’ de US$ 7,7 bilhões, no primeiro trimestre (1T23), para US$ 4,3 bilhões no segundo (2T23). Já os dividendos anuais recuaram 39%, ao ‘encolherem’ de R$ 24,7 bilhões para R$ 15 bilhões, no mesmo comparativo.

Com o retrocesso nos proventos distribuídos, a Petrobras perdeu a ‘coroa’ da liderança para o grupo suíço do segmento da alimentação Nestlé.

Quase que simultaneamente, também houve queda de 53% dos proventos distribuídos, ‘tombo’ que teria sido puxado pela redução dos dividendos de empresas de energia. Tal movimento, porém, também foi verificado em outros segmentos econômicos da América Latina.

A ‘saída de cena’ da petroleira é consequência da mudança de orientação da petroleira, por sua vez, em decorrência da troca no comando político do país, desde janeiro último, quando passou a predominar o ‘entendimento’ de que a distribuição de dividendos aos acionistas da companhia era ‘indevida’ ou ‘excessiva’.

Em contraste, no plano global, as megaempresas internacionais batem novo recorde de pagamento de dividendos, que atingiram, igualmente no segundo trimestre (2T23) o montante de US$ 568,1 bilhões em proventos, o que corresponde a uma alta de 4,9% na base nominal, ante o trimestre anterior (1T23). Tal crescimento mundial reflete a expansão de empresas europeias – com exceção do Reino Unido – que apresentaram avanço subjacente de 10%, em comparação com a distribuição de dividendos de outras regiões.

Veículos são destaque – Somente os bancos responderam pela metade do crescimento mundial de proventos distribuídos. “O aumento das taxas de juros impulsionou as margens e a interrupção dos pagamentos de dividendos relacionada à pandemia finalmente foi eliminada dos números”, aponta relatório da Janus Henderson Global Dividend Index. Neste aspecto, também se destacaram os fabricantes de veículos (em especial, montadoras alemãs), que registraram o sétimo aumento anual nos pagamentos no 2T23.

A despeito das perspectivas de desaceleração econômica global, a Janus Henderson projetou um pagamento de proventos que deve totalizar US$ 1,64 trilhão em 2023, o que mantém o recorde anual.

Na avaliação do head de renda variável Global da Janus Henderson, Ben Lofthouse, o crescimento econômico mundial tornou-se mais moderado, em compasso com o patamar mais elevado das taxas de juros, para quem, após bater recordes no ano passado, o mercado global deve apresentar estabilidade nos lucros das empresas.

Ao prever que “o crescimento dos dividendos deverá continuar”, Lofthouse admite a possibilidade de que o setor bancário continue a apresentar um “crescimento sólido até o fim do ano e faça um pagamento recorde aos acionistas”.

Por fim, o executivo da Janus conclui que “um ambiente econômico mais fraco é normalmente negativo para os bancos, mas o efeito positivo sobre as margens bancárias decorrente do fim de anos de taxas de juros ultrabaixas é muito forte e está impulsionando o pagamento de dividendos”.