Economia
Após redução da Selic, Brasil passa a ter o terceiro maior juro real do planeta
Com uma taxa de 6,9%, país só perde para o México (7,5%) e Rússia (9,2%) no ranking mundial
O Banco Central (BC) baixou a Selic (taxa básica de juros) de 12,75% ao ano para 12,25% ao ano, mas a posição brasileira no ranking mundial de juros reais subiu, do quarto para o terceiro lugar, ao exibir uma taxa de 6,9%, só perdendo para o México, com 7,5%, e a ‘campeoníssima’ e beligerante Rússia, do alto de seus 9,2%. É o que mostra a compilação feita pelo Valor Data, com base em dados fornecidos pelo Boletim Focus, B3 (B3SA3, a bolsa brasileira) e Trading Economics.
Para chegar aos resultados, o estudo – que se limitou ao contingente de países do G-20, composto por 19 nações e pela União Europeia, correspondentes a 85% do Produto Interno Bruto (PIB) global – leva em conta taxas básicas de juros recentes, já descontando expectativas de inflação para os próximos 12 meses, até a última previsão disponível.
Entre as nações menos desenvolvidas, as maiores taxas são da Rússia, o México e o Brasil, que divide a posição com a Arábia Saudita, detentora de uma taxa real de 4,1%, seguida da Indonésia, com 3,4%. Entre os desenvolvidos, estão empatados Reino Unido, a África do Sul e os Estados Unidos, com taxa de 2,8%.
No caso específico do Brasil, para chegar à taxa real, o levantamento considerou, como critério, um derivativo – contrato financeiro negociado na B3 (B2SA3), a bolsa brasileira – descontada a variação da inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) nos próximos 12 meses. Na América Latina, como o Brasil foi o primeiro país da região a elevar os juros – antes de Chile, Colômbia, México, Peru e Uruguai – também é aquele que iniciou antes a redução de suas taxas.
Quanto às perspectivas de queda dos juros reais em terras tupiniquins, essa trajetória declinante vai depender, em grande medida, da redução das taxas nos países desenvolvidos, cujas economias têm-se mostrado resilientes, pois a expectativa de recessão não se confirmou e a inflação passou a ser motivo constante de preocupação. Diante desse desafio, os respectivos bancos centrais recomendam cautela para os passos seguintes da política econômica, o que significa não ‘dar espaço’, pelo menos por enquanto, para corte de juros, que devem continuar elevados por um longo período.
De forma semelhante, nos Estados Unidos, mesmo com a decisão do Federal Reserve (Fed), o bc ianque, de manter, pela segunda vez, os juros no mesmo patamar – intervalo de 5,25% ao ano e 5,50% ao ano – não está descartada a hipótese de um aumento residual nas taxas. De modo diverso, a fragilidade econômica da Europa deu suporte à decisão do Banco Central Europeu (BCE) de interromper o ciclo de aperto monetário no continente. A discussão europeia agora é quanto ao timing necessário para a redução dos juros.
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