Bancos
Ataques contra a autonomia do BC e nota do Copom derrubam juros futuros
Combinação de críticas oficiais contra a autoridade monetária e nota amena de Comitê força recuo de taxas
Os sucessivos ataques desferidos pelo presidente Lula contra o Banco Central (BC), por conta da autonomia da autarquia, em especial, na política monetária (fixação da taxa básica de juros, a Selic) têm levado a um recuo das taxas de juros futuros.
Exemplo disso, às 10h desta terça-feira (7), a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 recuava de 13,81%, do ajuste anterior, para 13,755%; a do DI para janeiro de 2025 caía de 13,225% para 13,17%; a do DI para janeiro de 2026 encolhia de 13,09% para 13,02%; e a do DI para janeiro de 2027 passava de 13,09% para 13,02%.
A reversão das taxas contrasta com as altas expressivas da véspera, em meio a um movimento de realização de lucros e ajuste de posições, que ganhou envergadura, até que se precipitasse uma tendência de queda.
Para analistas, o atual viés negativo das taxas pode ser explicado pela expectativa do mercado, de que a ‘temperatura’ da tensão entre governo e BC deve cair, uma vez que a autoridade monetária emitiu sinais (por meio da ata do Copom – Comitê de Política Monetária) no sentido de que as medidas para redução do déficit público, anunciadas, recentemente, pelo Ministério da Fazenda, ‘tendem’ a baixar os prêmios de risco dos ativos.
“Ao analisar os múltiplos canais, incluindo o movimento nas condições financeiras advindos de juros futuros, e atualizar as hipóteses de trajetória fiscal para incorporar o orçamento sancionado para 2023, o Comitê avalia que as perspectivas para a atividade não tiveram alteração relevante. Alguns membros notaram que as medianas das projeções de déficit primário do Questionário Pré-Copom (QPC) e da pesquisa Focus para o ano de 2023 são sensivelmente menores do que o previsto no orçamento federal, possivelmente incorporando o pacote fiscal anunciado pelo Ministério da Fazenda”, avalia a ata.
O documento do Comitê acrescenta, ainda, ser sua prerrogativa manter a atual governança, no sentido de preservar as políticas já aprovadas em lei, embora este reconheça que “a execução de tal pacote (do governo) atenuaria os estímulos fiscais sobre a demanda, reduzindo o risco de alta sobre a inflação”.
Na avaliação de um gestor de renda fixa, que preferiu o anonimato, “Ele (Copom) foi bastante educado na maneira de expor os desafios. Discussão sobre juro neutro foi importante, mostra que não acredita que precisamos trabalhar com taxa maior de juro neutro ainda. Também mostrou interpretação positiva sobre as medidas já anunciadas pela Fazenda, e que elas tendem a reduzir o prêmio de risco – basta acompanhar sua execução”, avalia um gestor de renda fixa.
Também influem no comportamento do mercado futuro, nesta terça (7), o leilão de títulos pós-fixados e papéis atrelados à inflação do Tesouro Nacional, assim como o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed) – banco central ianque – Jerome Powell, nesta tarde.
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