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Atenção, pais! Saiba o que é 'sharenting', a prática ao celular que está prejudicando os seus filhos

A quantidade e a frequência de posts sobre a rotina das crianças precisam ser levadas em consideração. Essa exposição toda é benéfica ou não?

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Desde o surgimento dos smartphones, associados às redes sociais, o compartilhamento de acontecimentos do dia a dia tornou-se algo natural. Isso fica evidente, inclusive, entre pais de recém-nascidos que costumam registrar todo o desenvolvimento de uma criança, do ultrassom ao nascimento, e por aí vai.

A internet tornou-se um espaço de divulgação da própria vida. No caso de crianças, cujos pais gostam de postar tudo sobre a vida delas, é importante ter certo cuidado. Esse comportamento, quando excessivo, já tem até um nome científico. Ele se chama sharenting, e pode ocasionar problemas sérios.

Basicamente, essa prática se caracteriza pela publicação recorrente de fotos e vídeos de crianças nas redes sociais. O termo sharenting é a união de duas palavras em inglês: share (compartilhar) e parenting (paternidade).

A exposição em excesso dos filhos, segundo especialistas na área, pode gerar implicações com privacidade, direito individual e afetar, até mesmo, a saúde mental das crianças. Em determinados casos, a situação ultrapassa tanto o limite que é preciso chamá-la de oversharenting.

Consequências

Se você tem filhos pequenos e gosta de compartilhar cada novidade da rotina deles, vale a pena ficar atento ao que isso pode ocasionar.

Um primeiro aspecto a ser destacado é a questão da privacidade, já que a internet propicia uma exposição a um público, muitas vezes, não controlado, ampliando as chances de assédio, cyber bullying e até uso do conteúdo para conotação sexual.

Fora isso, existe ainda que o conteúdo fica disponível no acervo da internet por longo período e pode conter informações pessoais sobre a criança que vão muito além da imagem do rosto, como nome completo e até o local onde ela estuda.

Algumas redes sociais já adotam medidas restritivas para dificultar o acesso a conteúdos de contas de menores de 18 anos. A questão se complica, no entanto, quando os próprios pais postam coisas sobre os filhos em suas contas públicas ou criam perfis abertos para compartilhar o crescimento da criança.

Efeito psicológico

Do ponto de vista psicológico, existem também algumas consequências. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, o sharenting pode ocasionar ansiedade, depressão e engatilhar transtornos alimentares (anorexia e bulimia).

Pesquisa feita com 800 adolescentes pela Universidade da Antuérpia, na Bélgica, descobriu que os jovens se sentem envergonhados e desconfortáveis com as publicações feitas pelos pais.

Essa prática deve ser pensada, sobretudo diante do contexto atual, com o surgimento de influencers digitais cada vez mais novos. Muitas vezes, são os próprios pais que incentivam os filhos a publicar fotos e vídeos, visando um crescimento nas redes sociais.

Cuidados

Tudo isso que foi dito não quer dizer que você está proibido de publicar alguma foto ou vídeo do seu filho na internet. A questão está mais relacionada à necessidade de ponderação e cuidado.

Se você pretende criar uma conta específica para um filho ou filha, é importante que ela tenha configuração de conta privada, por meio da qual é possível controlar não só quem tem acesso ao conteúdo, mas quem pode seguir o perfil.

Outra dica importante é que se os seus filhos pequenos têm acesso ao celular, adote mecanismos de controle parental para filtrar os conteúdos e, também, monitorar o tempo de uso.

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), com especialização em Comunicação Digital, e que trabalha há 14 anos como repórter e redator

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