BNDES: Lucro de 2023 será transferido integralmente ao Tesouro

O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, anunciou que o banco deverá transferir ao Tesouro Nacional um valor recorde, superando os R$ 15 bilhões em dividendos já aprovados referentes ao exercício do ano passado. Durante uma coletiva de imprensa para apresentar os resultados do primeiro semestre de 2024, Mercadante afirmou: “Vamos transferir ao Tesouro mais de 100% do lucro que obtivemos no ano passado, em uma contribuição inédita para o ajuste fiscal”.

De acordo com o diretor Financeiro e de Mercado de Capitais do BNDES, Alexandre Abreu, quando somados os tributos e o pagamento de dívidas, o valor total a ser transferido ao Tesouro chega a R$ 24,5 bilhões. Além dos R$ 15 bilhões em dividendos, o banco também transferirá R$ 6 bilhões em tributos e R$ 3,5 bilhões em pagamentos de dívidas com a União. Entre 2008 e 2024, o BNDES já repassou R$ 941,3 bilhões ao Tesouro Nacional.

Os resultados financeiros do BNDES no primeiro semestre de 2024 refletem um desempenho robusto, com lucro líquido recorrente de R$ 7,2 bilhões, um aumento de 94,3% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Esse crescimento foi impulsionado pela intermediação financeira e por eventos não recorrentes, como os dividendos recebidos de empresas como a Petrobras e a recuperação de créditos, elevando o lucro contábil para R$ 13,3 bilhões.

BNDES

No período, as aprovações de crédito somaram R$ 66,5 bilhões, marcando um aumento de 83% em relação a 2023 e 107% em relação a 2022. O setor de infraestrutura foi o destaque, com crescimento de 146%, atingindo R$ 26,3 bilhões, impulsionado por projetos como a concessão da rodovia Via Dutra, que resultou no maior financiamento rodoviário da história do Brasil, no valor de R$ 16 bilhões, dos quais mais de R$ 10 bilhões foram financiados pelo BNDES.

Outros setores também registraram crescimento significativo nas aprovações de crédito: a indústria cresceu 81%, comércio e serviços 70%, e a agropecuária, que teve um aumento expressivo de 204% em comparação com o primeiro semestre de 2022, alcançando R$ 14,2 bilhões. Os desembolsos totais do banco chegaram a R$ 49,3 bilhões, um aumento de 21% em relação ao ano anterior e 47% em comparação com 2022. A expectativa é que os desembolsos de 2024 representem 1,3% do PIB, superando os 1,1% de 2023.

Mercadante enfatizou que o BNDES retomou seu papel central como principal instrumento de desenvolvimento econômico do Brasil. “Em janeiro de 2023, encontramos o banco com ‘funding’ e liquidez comprometidos. Agora, com inovações como a ampliação do Fundo Clima e a Letra de Crédito do Desenvolvimento, alcançamos resultados históricos”, afirmou.