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‘Bolso’ do consumidor não deve ‘sentir’ queda da Selic, tão cedo

Trajetória lenta de redução dos juros e alto endividamento vão manter elevada a taxa dos financiamentos

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Celebrada pelo mercado, sociedade civil e pelo governo, mais pela tendência do que pelo corte em si, a redução de meio ponto percentual (0,5 p.p.) da taxa básica de juros (Selic) – que baixou para 13,25% ao ano – não deve impactar, tão cedo, o bolso do consumidor brasileiro.

Isso porque, na avaliação de economistas, a previsão é de que a trajetória de queda dos juros deverá ser lenta, sem contar o fato de que a população apura hoje alto nível de endividamento, fator que inibe a disponibilidade de crédito pelos bancos.

De modo geral, alterações da Selic (seja para cima ou para baixo) demandam, de seis a nove meses para ter efeito direto no custo do crédito, no que toca à incorporação do novo patamar de juros na tomada de empréstimos, por parte de empresas ou consumidores.

Ainda assim, a perspectiva não deixa de ser positiva, uma vez que uma taxa mais baixa implica custo menor do dinheiro, mais financiamentos e consumo, que redundam em crescimento econômico.

‘Suave’ foi o tempo empregado pelo economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, ao classificar de ‘marginal’, o efeito do corte da Selic para o consumidor.

Já a economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) Silvia Matos, chama a atenção para o fato de que o alto nível de inadimplência, atualmente, representa um fator inibidor da procura por crédito. “Para as famílias mais endividadas, o crédito vai continuar caro, e o juro precisa cair muito para ficar mais barato e começar um novo ciclo de concessão”, observa.

Dados do Serasa, referentes a junho último, apontam um contingente de 71,4 milhões de pessoas “negativadas” no país, o que equivale a 43,8% da população adulta que, em algum momento, deixou de pagar uma dívida.

Do ponto de vista do mercado financeiro, todavia, o impacto da queda da Selic é praticamente instantâneo, pois a maioria das empresas financia seu capital de giro atrelado à Selic. “A partir de hoje (3), elas [empresas] podem sentir um alívio”, admite o economista-chefe da Neo Investimentos, Luciano Sobral, ao fazer a ressalva de que, no caso de novos investimentos, o recuo dos juros pode demandar até nove meses para ser percebido.

Para o mercado de capitais, por sua vez, o corte de juros não deve repercutir de maneira expressiva no valor das ações das empresas, uma vez que essa medida já havia sido precificada pelos investidores no preço dos papéis.

De igual forma, as projeções de crescimento do PIB para este ano e o próximo já teriam incorporado a queda da Selic, acentua o economista-chefe do C6 Bank, Felipe Salles.

Sou um profissional de comunicação com especialização em Economia, Política, Meio Ambiente, Ciência & Tecnologia, Educação, Esportes e Polícia, nas quais exerci as funções de editor, repórter, consultor de comunicação e assessor de imprensa, mediante o uso de uma linguagem informativa e fluente que estimule o debate, a reflexão e a consciência social.

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