Brasil: quantas gerações para chegar à Classe Média?

Em um cenário de desigualdades persistentes, um estudo recente da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) lança luz sobre a complexa trajetória enfrentada pelos brasileiros que buscam escapar da pobreza e alcançar a classe média.

Segundo o relatório intitulado “A broken social elevator? How to promote social mobility” (“Um elevador social quebrado? Como promover a mobilidade social”, em português), os 10% mais pobres da população brasileira enfrentam um desafio hercúleo, levando cerca de nove gerações, o equivalente a 180 anos, para concretizar tal ascensão, considerando as atuais condições de renda, educação, trabalho e saúde.

O estudo, que analisou 24 países, revela que o Brasil compartilha esse preocupante pódio com a Colômbia, onde os obstáculos à mobilidade social se estendem por 11 gerações.

Embora existam raros casos de mobilidade bem-sucedida, como o caso de Adalberto Gonçalves Lira Jr., que foi morador de rua e agora tem o seu próprio negócio, a maioria dos brasileiros de baixa renda enfrentam uma trilha tortuosa rumo à classe média.

A história de Lira Jr., que superou as adversidades da vida nas ruas para se tornar um empresário de sucesso no ramo de comida de rua, é uma exceção notável.

Operando dez carrinhos de venda de alimentos, ele e sua esposa geram um faturamento mensal de cerca de R$ 20 mil. No entanto, é vital destacar que histórias como essa permanecem raras em meio à realidade socioeconômica brasileira.

Especialistas concordam que a educação desempenha um papel central na promoção da mobilidade social. No entanto, a persistente disparidade no acesso a serviços básicos, como saneamento, constitui um obstáculo formidável para a igualdade de oportunidades.

No âmbito de políticas públicas, iniciativas como a agência de fomento social Besouro buscam aliviar essa desigualdade oferecendo treinamento e capacitação para indivíduos de baixa renda, capacitando-os para iniciar empreendimentos próprios.

Apesar desses esforços, a luta pela mobilidade social no Brasil enfrenta desafios intrincados. A desigualdade persistente em áreas cruciais como educação e saúde continua a minar a igualdade de oportunidades.

O sonho de ascender à classe média permanece uma miragem para muitos, enquanto a busca pela equidade se mantém um desafio urgente e imperativo.