Agronegócio
Brasil revela seu tesouro escondido: o café robusta amazônico está simplesmente brilhando no mercado global!
A América do Sul é um continente rico em fauna e flora que não são encontradas em outras partes do mundo, e uma planta cujo fruto é bastante popular na maior parte do planeta, devido, sobretudo, ao nosso clima, é o tão aclamado café.
Exatamente, o Brasil já liderou a produção mundial desse grão tão apreciado e agora, ao que parece, o nosso produto está sendo novamente reconhecido no exterior, devido ao robusta amazônico, uma variedade cultivada em Rondônia, oriunda do cruzamento entre vegetais do café conilon e do café robusta.
De acordo com a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o estado deverá estar produzindo cerca de 3,1 milhões de sacas na atual safra, replicando a alta qualidade apresentada pelos grãos nos anos anteriores.
Como o robusta amazônico foi recebido lá fora?
Para o pesquisador da Embrapa Enrique Alves, a boa aceitação dos robustas amazônicos pode abrir novos mercados e expandir os horizontes da cafeicultura brasileira, sendo um importante avanço para o desenvolvimento do setor.
“A grande mudança foi na última década que foi quando o produtor começou a se atentar para a qualidade. A qualidade foi a grande revolução para a cafeicultura da Amazônia.”
Ainda segundo o acadêmico, a tendência é que cada vez mais produtores da região comecem a cultivar essa variedade especial, uma vez que ela comece a se destacar no exterior e atraía investimentos estrangeiros e nacionais, possibilitando um maior desenvolvimento deste nicho de mercado.
“Quando você busca excelência, você melhora a média. Esses cafeicultores trabalhando com cafés especiais começaram a trazer um novo horizonte para a cafeicultura porque os cafés canéforas sempre foram chamados de café de segunda linha, que só serviam para blends, isso era a marca registrada.”
O cafeicultor Silvio Leite é um dos principais nomes quando se fala em cafés especiais no país, sendo um dos pioneiros neste referido setor. O empresário acompanhou de perto todo o processo, uma vez que atua há mais de 40 anos na área.
Leite se lembra inclusive quando o perfil sensorial do café brasileiro começou a ser apresentado em concursos internacionais, competindo com marcas grandes e já bem conceituadas pelo paladar dos jurados que lá estavam. Palavras dele:
“No começo, a gente via aqueles ‘sorrisos marotos’, com todo mundo questionando: ‘Robusta é qualidade? Não vai dar certo’. Mas, vale lembrar que no arábica do Brasil também foi assim.”
Dessa forma, devido a esses eventos, alguns compradores começaram a demonstrar interesse pelo produto brasileiro ser uma novidade no mercado e, assim, despertar bastante curiosidade por parte dos estrangeiros.
Por isso, em 2017, jurados internacionais demonstraram desejo de conhecer os meios de produção utilizados no Brasil, na manutenção das lavouras de conilon, se impressionando com as técnicas utilizadas no pós-colheita.
Cerca de um ano depois, Leite foi chamado para melhorar os robustas amazônicos, pela Três Corações, integrando-se a um projeto que visava desenvolver a produção cafeicultora em áreas indígenas, de modo colaborativo e sustentável com essas comunidades.
Leite relembra:
“Eu fui lá para ajudar a melhorar a produção, colher e processar, e a Três Corações se comprometeu a comprar esses cafés com o projeto Tribos. Quando fomos provar esses cafés, tivemos um outro impacto, uma revolução em sabores de café. Uma revolução completa que ninguém tinha sentido até então. Foi a hora que eu entendi que era o momento de mudar todo esse conceito de produção de café.”
Por fim, ele conta que recentemente participou de alguns eventos internacionais cujo objetivo era compreender como esse tipo de café estava sendo visto pela indústria atualmente e qual seria o futuro deste tipo de negócio. Concluiu o empreendedor:
“A sala estava bastante cheia ,e isso chama atenção, principalmente em grandes eventos, com muitas salas paralelas. Ali eu vi que o tema está despertando atenção, as pessoas querem saber mais desse produto e desse percentual que está se prontificando em fazer diferente. O Brasil pode ter uma oportunidade de ouro, esse caminho é construído e precisa ser feito em termos de espaço de mercado.”
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