Curiosidades

Casal criou campanha para reciclar o que sobra das figurinhas da Copa

O papel que fica ao verso das figurinhas se chama liner e necessita de um processo adequado para poder ser reciclado.

Publicado

01/11/2022 às 08:32

Por

Bruna Machado

O papel que fica ao verso das figurinhas se chama liner e necessita de um processo adequado para poder ser reciclado.

A Copa do Mundo 2022 está às portas e, como grande clássico das Copas, o álbum de figurinhas de todos os jogadores que vão disputar a competição já está sendo montado pelos torcedores. A troca dos cromos, quando vêm repetidos, tem sido uma das diversões das pessoas que esperam pelos jogos.

O álbum foi lançado no mês de agosto no Brasil e já são contabilizados 400 milhões de pacotes comercializados. A estimativa, até o término da competição no Catar, é de que esse número seja ainda maior.

Diante da grande fama das figurinhas no Brasil e no mundo, é importante evidenciar a questão por detrás dos descartes que envolvem o meio ambiente. O liner, papel que é a base para as fotos das figurinhas, pode ser reciclado. No entanto, não são em todos os casos que a ação de reciclagem é promovida.

O liner necessita de um processo especial na hora da reciclagem, mesmo que o descarte seja feito da forma correta. O papel é siliconado e pode virar um lixo comum em aterros sanitários, o que contribui ainda mais para a produção dos gases de efeito estufa.

Coleta do papel liner

Foi vislumbrando diminuir os impactos no meio ambiente que dois moradores de São Paulo começaram a se movimentar para coletar o papel liner e direcioná-lo de forma correta para a reciclagem.

O casal, Patricia Meirelles e Sergio Talocchi, trabalha com sustentabilidade e disse que sempre prestou atenção ao destino de resíduos dentro da própria casa. Foram os três filhos que acenderam o alerta do casal, ao ver a quantidade de papel que sobrava das figurinhas.

Patricia comentou o que chamou sua atenção: “Já sabíamos que as sobras dos adesivos eram um material de difícil reciclagem, uma vez que é formado pela mistura de papel com silicone, componentes que precisam ser separados para obtenção da celulose pura antes da reciclagem”.

Por trabalhar na área de logística reversa, Talocchi esteve na linha de frente em programas que promoveram a reciclagem de liners, e foi assim que o casal passou a recolher o material de todo o condomínio onde reside e da escola dos filhos para poder reciclar.

No entanto, não esperavam tanta repercussão da ideia tiveram que, inclusive, atingiu outros estados do país. “Fizemos um flyer e enviamos por WhatsApp para nossa rede de conhecidos. Em alguns dias, a informação viralizou por São Paulo e outros estados. Foi incrível o interesse das pessoas em querer separar e reciclar a parte que sobra da figurinha”, comentou.

A reciclagem do liner

O casal firmou parceria com a Polpel, empresa que possui tecnologia para reciclar o material da forma correta, e com a MD Papéis, que vai comprar a celulose e transformá-la em papel. O casal fica responsável por fazer a coleta de todo o material para reciclar.

Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação.

Depois da parceria, novos parceiros também aderiram ao projeto do casal: “A Valora Recicláveis, que atua na coleta em condomínios, nos procurou para uma parceria. E conseguimos negociar um apoio com uma empresa na obtenção de recursos para viabilizar essa coleta, que já começou a acontecer”.

De acordo com Patricia, os papéis não param de chegar, e vêm de toda parte, mas a coleta maior tem sido nas escolas. “Em condomínios e empresas, a adesão também foi grande, além da mobilização de muitos grupos de amigos, em que uma pessoa centraliza a coleta e, depois, faz a entrega. Pessoas do interior e de outros estados também estão juntando e vão encaminhar seus resíduos direto para a Polpel”.